Plataforma de direitos femininos corre risco de fechar por falta de financiamento

“Não percebemos por que razão uma área que diz respeito a mais de metade da população não é apoiada pelo Estado”, diz dirigente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres

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Apenas 30% dos trabalhadores das duas empresas são mulheres Eva CArasol

A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres e organizações associadas correm o risco de fechar as portas no próximo ano devido à falta de financiamento, diz a presidente da organização, Alexandra Silva.

Alexandra Silva adianta que a plataforma tem sido financiada, nos dois últimos anos, por programas geridos pela Fundação Calouste Gulbenkian, mas dois deles terminam em Janeiro e o outro em Março, não tendo a organização qualquer outro apoio. A plataforma pretende candidatar-se ao Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, mas os prazos das candidaturas para estes fundos comunitários na área da igualdade têm sido “sucessivamente prorrogados” desde 31 de Julho, explica a mesma responsável. A presidente da plataforma, que congrega várias organizações não-governamentais de direitos das mulheres e promotoras da igualdade, sublinha que os prazos das candidaturas já foram adiados duas vezes por alegada falta de formulários.

“Na área da igualdade, têm vindo a ser sucessivamente prorrogados os prazos das candidaturas, e as organizações estão a colapsar, porque não se conseguem manter no activo”, descreve a mesma dirigente.“É uma falta de respeito para quem está a trabalhar. Como é que abrem linhas de financiamento e não há questionários disponíveis?”, interroga, acrescentando que a plataforma “não tem qualquer apoio do Estado português”, sendo “a única plataforma que não recebe financiamento por via do Orçamento de Estado”.

A activista afirma que as seis associações de defesa de direitos das mulheres que trabalham na sede da plataforma e que desenvolvem as suas actividades sem pagarem qualquer contrapartida financeira à plataforma correm também o risco de encerrar: “Se fecharmos a sede, várias organizações ligadas aos direitos das mulheres também fecham”.

Alexandra Silva diz que quase todas as semanas a plataforma envia candidaturas a fundações internacionais, prática que “não é um método de trabalho eficaz”. “Sentimos que estamos em desigualdade perante as outras plataformas que existem em Portugal. Não percebemos por que razão uma área que diz respeito a mais de metade da população não é apoiada pelo Estado”,  termina.