A costa da acalmação
Na véspera da câmara elevar às alturas conselheirais, do estadão, Francisco Louçã, Domingos Abrantes e Adriano Moreira, o que me obrigou a reler o Kafka em lusitano, de José Magalhães Godinho, em “Causas que foram Casos”, eis que, no debate quinzenal, que nunca nenhum primeiro-ministro perdeu, chegou António Costa.
Agora, em nome da trindade do "repor, reverter, revogar", para declarar que estava instaurada a “acalmia” e o “tempo novo”. E o socialista quase exigiu a instauração de um verdadeiro capitalismo, por causa do sobreendividamento das empresas.
Já a direita velha, que continua à procura de autor, mostrou Pedro a dar tímidos Passos de leal oposição à nova majestade da gestão corrente, dita do compromisso.
Apenas se confirmou que, com o pluralismo reforçado, a democracia melhorou, porque o parlamento passou a funcionar como um conselho fiscal ao vivo. O PAN, devagar, devagarinho, entrou na agenda. O PEV continuou a denunciar os que “cavaram um buraco fundo”. Jerónimo foi a casos concretos, para reforçar acordo com Costa. E Catarina entrou a matar, em banifestação, atacando a “ditadura angolana”, sem voar para o "pilar da cidadania lusófona”.
Portas não caiu na tentação da mera paulada, apenas paulou um pouco, contra as greves da estiva e o regresso aos exames.
Por outras palavras, acabou o bota-abaixo da insurreição, porque uma maratona não é uma corrida de cem metros. Daí que Costa tenha encerrado a lide, com uma glosa sobre a teoria da “confiança no mundo”, mas sem prefácio de Lula, nem posfácio de Eduardo Lourenço. Porque no princípio era o verbo, mas com a sustentabilidade da verba.