Agente provocador

Há belíssimos momentos de cinema pelo meio da ostentação excessiva de Paolo Sorrentino

Foto

Paolo Sorrentino é a nova cause célèbre do panteão crítico, caso curioso de “agente provocador” que divide as opiniões e gera amores e ódios (até para isso, há que dizê-lo, é preciso talento…). Capaz do melhor e do pior no espaço do mesmo filme, excessivo e delicado no mesmo movimento, o italiano é um tipo de evidente talento imagético e com um gosto particular por trilhar o seu próprio caminho contra ventos e marés. Mas A Juventude não tem o “equilíbrio” irónico que se sentia na Grande Beleza (2013): a ostentação da mise en scène, sempre a encher o olho e a fazer vista, afoga a pretensa meditação sobre o tempo e a vida num luxuoso retiro suíço. Há alguns momentos notáveis de cinema pelo meio – o espantoso monólogo de Rachel Weisz na massagista, o encontro sem papas na língua entre Harvey Keitel e Jane Fonda – a mostrar que um cineasta mais contido teria feito um filme mais consistente. Mas a verdade é que se A Juventude fosse mais contido não seria um filme de Sorrentino. <_o3a_p>

Sugerir correcção
Comentar