Pacheco Pereira em Serralves: "Só aceitei por ser um lugar não remunerado"
O historiador foi nomeado pelo Governo para o Conselho de Administração da Fundação de Serralves, juntamente com Isabel Pires de Lima.
O historiador José Pacheco Pereira e a antiga ministra da Cultura Isabel Pires de Lima são os nomes escolhidos pelo Ministério da Cultura para a administração da Fundação de Serralves. A decisão foi anunciada um dia depois de o ministro da Cultura, João Soares, se ter reunido com o ainda presidente do Conselho de Administração da fundação, Luís Braga da Cruz, que deixa o cargo no final deste mês.
Pacheco Pereira e Pires de Lima, cuja escolha compete ao Governo, juntam-se assim à economista Ana Pinho Macedo Silva, que assumirá a presidência da Fundação de Serralves no triénio 2016-18.
"Os dois nomeados são intelectuais portuenses de reconhecido mérito", lê-se no comunicado do Governo, citado pela Lusa. De acordo com os estatutos da fundação, "o Conselho de Administração é composto por nove membros, sendo um presidente, três vice-presidentes e cinco vogais", com a designação de novos administradores a efectuar-se "por voto secreto e maioria absoluta", sendo que a "escolha dos membros é da responsabilidade do próprio conselho, com a excepção de dois, nomeados sempre pelo Estado".
No seu blogue Abrupto, Pacheco Pereira fez questão de deixar uma pequena justificação sobre a sua nomeação: “Só aceitei por ser um lugar não remunerado e sem qualquer prebenda, condição que coloquei ao convidante”. “Faço parte igualmente de um Conselho de Patronos do Museu Vieira da Silva/Arpad Szenes, do Conselho Consultivo do Museu do Aljube, e do Conselho-Geral da Universidade do Porto. Tudo sem qualquer remuneração”, acrescenta ainda o militante do PSD.
Braga da Cruz termina funções na presidência da Fundação de Serralves no final deste ano, assumindo em Janeiro o Conselho de Fundadores. Já neste mês tinha sido anunciado que a vogal do Conselho de Administração Ana Pinho Macedo Silva seria a substituta de Braga da Cruz. Uma escolha feita pelo Conselho de Fundadores que visa garantir a continuidade, como foi então explicado.
No Conselho de Administração do triénio 2013-15 os representantes do Estado eram Rui Manuel Campos Guimarães, vice-presidente daquele órgão e membro da Comissão Executiva, e a eurodeputada socialista Elisa Ferreira.
A nomeação de José Pacheco Pereira surge numa altura em que o seu nome está envolto em polémica. Alguns nomes destacados do PSD, como Ângelo Correia ou Duarte Marques, têm criticado a participação do historiador e ex-deputado em acções de candidaturas presidenciais de esquerda, insinuando que Pacheco Pereira devia abandonar o partido.
Já Isabel Pires de Lima, uma académica respeitada, é um nome bem conhecido no meio cultural do Porto. É professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo-se especializado na obra de Eça de Queirós. Em 2005 foi escolhida pelo então primeiro-ministro José Sócrates para a pasta da Cultura – era desde 1999 deputada independente do Partido Socialista. Ficou no cargo de ministra da Cultura até 2008.