Não há condições para visitar subterrâneo de Arca d’Água, no Porto

Apesar do interesse da empresa Águas do Porto em reaproveitar o património no subsolo, o percurso que parte do Jardim de Arca d'Água não tem condições para ser, para já, aproveitado

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Os subterrâneos que partem do Jardim de Arca d’Água e atravessam o subsolo do Porto até ao Mercado do Foz não estão em condições de serem visitados nem há planos para que venham a ser utilizados, nos próximos tempos. A garantia foi dada, esta semana, pelo novo presidente da empresa Águas do Porto, Frederico Fernandes, em resposta a um desafio deixado pelo vereador do PSD Amorim Pereira.

O assunto foi levantado na reunião do executivo da passada quarta-feira, quando Frederico Fernandes apresentava os planos da empresa para musealizar o Rio de Vila. Amorim Pereira aproveitou a deixa para perguntar se seria possível “abrir o túnel de Arca d’Água ao Mercado da Foz, não ao turismo massivo, mas para dar a conhecer [em algumas circunstâncias]”. A resposta foi negativa. “Os percursos que existem no manancial de Arca d’Água foram cancelados, não há condições de segurança para percursos dessa dimensão”, disse Frederico Fernandes.

Sob o jardim de Arca d’Água encontram-se três nascentes de água, no que é conhecido como o manancial de Paranhos, e até há alguns anos era possível visitar os caminhos abobadados no subsolo, que começaram a ser construídos no final do século XVI, para que a água pudesse seguir para diferentes fontes e chafarizes da cidade. Contudo, desde 2005 que as Águas do Porto terminaram com as visitas regulares, tendo permanecido apenas algumas actividades esporádicas e a pedido. Agora, conforme se depreende das palavras de Frederico Fernandes, até essas visitas foram canceladas.

O responsável pelas Águas do Porto explicou que tentar percorrer os caminhos subterrâneos naquela zona da cidade “é quase um percurso radical”, com o presidente da câmara, Rui Moreira, a acrescentar que os túneis, em várias zonas, “não têm pé direito” suficiente para garantir uma visita confortável e em segurança. Além disso, acrescentou Frederico Fernandes há um outro obstáculo que é preciso ultrapassar se, no futuro, se pensar em abrir os túneis a algum tipo de actividade. “Temos lá um colector de águas residuais que temos que retirar. Só depois é que podemos olhar [para algum tipo de abertura ao público], mas a dimensão do túnel é limitadora”, disse.

As características do subterrâneo não entusiasmam, por isso, os responsáveis autárquicos, como acontece com o túnel do Rio de Vila. E Frederico Fernandes comentou que só imagina para Arca d’Água, se algum dia isso for possível, algum tipo de actividade radical, em vez de um percurso percorrido calmamente, em passeio. Há zonas em que quase é necessário andar curvado, noutros o caminho é estreito e é comum haver água no solo e no tecto, a pingar sobre quem passa.

Abrir o manancial de Arca d’Água não faz, por isso, parte dos planos próximos da Águas do Porto, apesar de a empresa estar interessada em reverter “a situação de abandono do património histórico adstrito ao ciclo urbano da água”. A empresa vai apostar no Rio de Vila e na reabilitação do reservatório da Pasteleira “no sentido da sua reconversão num espaço polivalente para actividades de carácter cultural”, conforme consta dos instrumentos previsionais da empresa para 2016.

A musealização do Rio de Vila, orçada em 820 mil euros, permitirá aos futuros visitantes visitarem o curso de água, entubado no século XIX, entre a Estação de S. Bento e o Largo de S. Domingos. Este passeio, feito no subsolo, deverá partir da estação de metro de S. Bento e poderá ser completado, à superfície, entre o Largo de S. Domingos e o rio Douro, onde o rio desagua, mediante sinalética própria.

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