Dilma perde primeiro round contra impeachment no Congresso
Lista da oposição venceu com 272 votos contra 199 dos aliados de Dilma.
A sala de plenário da Câmara dos Deputados em Brasília parecia um estádio de futebol em dia de jogo nesta terça-feira à tarde. Quando Eduardo Cunha, o presidente da câmara baixa do Congresso brasileiro, abriu a votação para eleger a comissão parlamentar que irá avaliar o processo de impeachment contra Dilma Rousseff, houve desacatos e empurrões entre deputados e urnas partidas. Alguns parlamentares do PT, o partido de Dilma, tentaram obstruir o acesso às cabines de votação e gritaram aos microfones para que a sessão fosse suspensa. Houve confrontos entre deputados de partidos diferentes, que tiveram de ser separados por colegas. Seguranças da Polícia Legislativa foram chamados para garantir que a votação ocorresse.
A votação deveria ter acontecido na véspera, segunda-feira, mas foi adiada por Eduardo Cunha, numa manobra para impedir a nomeação de deputados moderados ou mais favoráveis a Dilma. A comissão que irá analisar o pedido de impeachment terá de integrar membros de todos os partidos com representação parlamentar, escolhidos pelos respectivos líderes partidários. Mas na segunda-feira o líder da bancada do PMDB, partido que faz parte da aliança governativa, comandada pelo PT, tinha escolhido maioritariamente deputados moderados e contrários ao impeachment, sob os protestos dos dissidentes do partido, a que Eduardo Cunha também pertence.
Nesta terça-feira, com o apoio de Cunha, foi formada uma lista alternativa de deputados, alinhados com a oposição ao governo de Dilma, que disputou a votação com a lista oficial, indicada pelos líderes partidários, e ganhou. Deputados da oposição empunharam uma bandeira do Brasil no centro da sala e um boneco do ex-presidente Lula da Silva vestido com farda prisional. “O dia está ganho, senhor presidente, pode encerrar a sessão”, disse um deputado ao microfone, dirigindo-se a Eduardo Cunha. Cunha sorriu. A reunião da Comissão de Ética encarregada de analisar o seu próprio processo de destituição – Cunha tem o seu nome envolto no escândalo de corrupção da Petrobras e está a ser investigado pelo Ministério Público – foi adiada pela quinta vez porque o presidente da Câmara dos Deputados marcou a votação da comissão do impeachment para a mesma hora.