Terrorismo ou vingança, o que movia Farook e a noiva saudita?

Ainda não se sabe o que levou o casal com uma bebé de seis meses a cometer um dos mais violentos ataques a tiro nos EUA.

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Foram mobilizados grandes meios para este caso Sean M. Haffey/AFP

O casal deixou a bebé de seis meses em casa da avó paterna, a pretexto de iam a uma consulta para ele, Syed Rizwan Farook, de 28 anos, um especialista em saúde ambiental que trabalhava no departamento de Saúde de San Bernardino, na Califórnia. Mas ele foi para uma festa de Natal com dezenas de outros funcionários públicos, num complexo de serviços de apoio à população com deficiência e necessidades especiais. Ela, Tashfeen Malik, a sua mulher, não se sabe onde estava, até ele ter saído da festa, aparentemente zangado com qualquer coisa. Só se sabe que vinham juntos, quando ele voltou. Vinham ambos de negro, com roupas ao estilo militar, armados até aos dentes, e a disparar contra tudo o que mexia.

Foi um atentado terrorista? Ninguém sabe bem a origem de Tashfeen Malik, de 27 anos, com quem Farook se terá casado há dois anos, na Arábia Saudita. Terá ido àquele país em peregrinação, diz o New York Times – todos os muçulmanos devem fazê-lo pelo menos uma vez na vida, pois naquele país ficam os lugares mais santos do Islão. Apresentou Malik como farmacêutica, e disse tê-la conhecido através da Internet.

“Nesta altura, não é possível dizermos que este ataque está relacionado com terrorismo”, afirmou o Presidente Barack Obama, numa comunicação ao país esta quinta-feira. Mas o FBI está a tratar a investigação como se fosse um acto terrorista. "Não sabemos o motivo. Mas é óbvio que havia uma missão", afirmou David Bowdich, director adjunto do FBI para Los Angeles.

A CNN diz, no entanto, que Farook pode ter-se radicalizado e estaria em contacto, tanto por telefone como através das redes sociais, com mais do que um suspeito de terrorismo investigado pelo FBI. A polícia de San Bernardino diz ainda que na residência do casal encontraram mais material para fazer explosivos e munições.

O ataque, de grande violência não se encaixa bem na tipologia nem de um atentado terrorista nem no de um ataque de um funcionário zangado com o seu empregador que busca vingança. Para começar, pelo facto de ter sido praticado por duas pessoas, e logo um casal com uma filha pequena. O que é praticamente certo é que foi preparado, não foi um acto espontâneo.

Farook trabalhava para o departamento de saúde de San Bernardino há cinco anos, fazendo vistorias em estabelecimentos comerciais. Nasceu no estado de Illinois, numa família que emigrou do Paquistão para os Estados Unidos. É um cidadão americano, que se formou na Universidade da Califórnia, em saúde ambiental.

Andava à procura de uma noiva há anos, isso parece claro, porque estava inscrito pelo menos em dois sites de encontros internacionais, diz a Reuters: o iMilap.com, que se descreve como “a principal fonte de serviços matrimoniais indianos” e o Dubaimatrimonial.com, “o primeiro e único serviço legal de casamentos nos Emirados Árabes Unidos.” Pode ter sido através destes sites que descobriu Tashfeen Malik.

Os perfis que Farook nos dois sites são um pouco diferentes, mas não incompatíveis. Descrevem um jovem muçulmano americano, filho de imigrantes paquistaneses, a viver no Oeste dos EUA, de “uma família religiosa mas moderna”. Entre outros interesses, diz gostar de tiro ao alvo, salienta o Washington Post.

A família de Farook diz-se tão chocada como toda a gente. “O suspeito é casado, tem uma bebé de seis meses. Não vêem nenhum motivo para que se tenham passado. Terá sido algo que se passou no trabalho? Será doença mental? Alguma ideologia retorcida? É-nos completamente desconhecido. Tudo o que a família pode fazer é partilhar com toda a gente a dor e as orações”, disse à CNN Hussam Ayloush, director executivo para Los Angeles do Instituto de Relações Americano-Islâmicas, que tem estado em contacto com a família.

“Não faço ideia nenhuma porque é que ele fez isto”, disse Farkan Khan, um cunhado de Farook, que falou pela última vez com ele há uma semana. “Não tenho ideia nenhuma. Estou em choque”, declarou.

Colegas de Farook também não compreendem porque é que ele fez isto. Descrevem-no como alguém tranquilo e muito educado, que não parecia ter ressentimentos. “Nunca me pareceu um fanático, nunca me pareceu suspeito”, disse ao Los Angeles Times a ex-colega Griselda Reisinger. A coisa mais fora do comum nele é a história de como conheceu a mulher, que foi buscar à Arábia Saudita.

Sobre ela, Syed Rizwan Farook, ninguém dá grandes pormenores. Segundo o FBI, estava nos EUA com um visto K1, dado aos noivos de cidadãos norte-americanos, até se casarem, posto num passaporte paquistanês.

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