Google acusado de aceder a dados pessoais de alunos através do Chromebooks

Empresa terá recolhido e armazenado informações de estudantes violando um compromisso que subscreveu.

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A nova política de privacidade do Google está a levantar dúvidas sobre a instauração de um big brother online John Macdougall/AFP

A associação Electronic Frontier Foundation (EFF), uma organização sem fins lucrativos que se apresenta como defensora das “liberdades civis no mundo digital”, apresentou uma queixa junto da Comissão Federal do Comércio norte-americana (FTC, na sigla em inglês) contra o Google, onde acusa a empresa de recolher e analisar dados pessoais de alunos, incluindo as suas pesquisas no motor de busca.

Numa nota divulgada na terça-feira, a EFF explica que detectou as irregularidades durante pesquisas para a sua recém-lançada campanha Spying on Students (espiar os estudantes), criada para alertar para os perigos para a privacidade que representam os equipamentos e software das escolas. No âmbito da sua investigação, a EFF afirma que examinou o Chromebooks e o Google Apps para a Educação (GAFE, na sigla em inglês), plataforma educacional usada em várias escolas norte-americanas “por alunos que com idades tão pequenas como sete anos”.

Segundo a organização, a funcionalidade "Sincronizar" do Google, que sincroniza os serviços do motor de busca com o telemóvel, tablet e programas de computador, no browser Chrome fica activa por defeito no Chromebooks que é usado nas escolas. “Isto permite ao Google seguir, armazenar nos seus servidores e recolher dados com objectivos não publicitários, registar cada site que os estudantes visitam, os termos que usam nas pesquisas, os resultados que seleccionam, os vídeos que procuram e visualizam no YouTube e as passwords que guardam”, argumenta a EFF.

O Google é acusado de não obter previamente a autorização dos estudantes e dos seus pais para o fazer. “Dado que algumas escolas exigem aos alunos que usem o Chromebooks, muitos pais ficam impossibilitados de impedir a recolha de dados pelo Google”, sublinha a organização.

A empresa estará, assim, a violar o Student Privacy Pledge, um documento que subscreveu comprometendo-se a não recolher, usar ou partilhar informação pessoal de alunos excepto quando esta é necessária por propósitos educacionais legítimos ou se os pais o permitirem.

Na queixa apresentada à FTC, a EFF relata ainda que as definições administrativas que o Google disponibiliza para as escolas permitem que dados pessoais dos alunos sejam partilhados com outros sites em “violação do Student Privacy Pledge”. “A capacidade de recolher e potencialmente partilhar informações de estudantes segue as crianças sempre que usam o Chrome para fazer login nas suas contas do Google, seja no iPad dos pais, smartphones de amigos ou computador de casa”, conclui a organização.

À EFF, o Google assegurou que irá, em breve, desactivar no Chromebooks disponível nas escolas a definição que permite que a sincronização de dados seja partilhada com outros serviços do Google. “Apesar de este ser um pequeno passo na direcção certa, não vai suficientemente longe para corrigir as violações do Student Privacy Pledge actualmente inerente ao Chromebooks que é distribuído às escolas”, remata a EFF.

Perante estas conclusões, a organização, que sublinha não se opor ao Chromebooks ou ao GAFE – “trazem inúmeros benefícios para professores e preparam os jovens para o futuro” -, pretende que a FCT investigue a conduta do Google e impeça a empresa de usar informações pessoais de alunos “para seu próprio benefício”. O Google deve ainda destruir toda a informação que recolheu que não tenha objectivos educacionais.

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