Freeport será o primeiro local certificado pela China para receber turistas
Afluência de chineses aumentou 38% até Setembro. Turismo de Portugal espera chegar aos 150 mil visitantes até ao fim do ano.
O Freeport em Alcochete, um centro comercial ao ar livre a 30 quilómetros de Lisboa, será o primeiro local em Portugal a receber uma certificação por parte das autoridades de turismo chinesas, que garantem assim que o espaço tem serviços para facilitar a visita de turistas daquele país, cujo interesse pelo país tem vindo a crescer.
As certificações podem ser atribuídas a hotéis, lojas e outros estabelecimentos que cumpram determinados requisitos. Consoante o sítio, estes requisitos podem ir simplesmente de informação escrita em mandarim até à venda de comida chinesa e à aceitação de cartões bancários daquele país. Embora a decisão caiba às autoridades de turismo, o processo é gerido por uma empresa privada, chamada Welcome Chinese, que em Portugal é representada pela consultora Edeluc.
As atracções turísticas portuguesas estão a cativar cada vez mais turistas da China, cuja afluência a Portugal está a crescer a dois dígitos ao ano. Até Setembro, tinham visitado o país 119 mil turistas chineses, mais 38% do que nos mesmos meses do ano passado. E, até ao final do ano, o Turismo de Portugal espera que este número chegue às 150 mil pessoas, afirmou João Cotrim de Figueiredo, presidente da instituição, numa conferência em Lisboa que serviu para apresentar aquela certificação. Em 2014, o crescimento foi de 49%.
“O mercado europeu continua a ser o mais importante, mas a diversificação de mercados continua a ser estrategicamente importante”, disse Cotrim de Figueiredo, acrescentando que existe “um enorme potencial de crescimento” do fluxo de turistas vindos da China. O Turismo tem feito esforços de promoção de Portugal como destino turístico para visitantes chineses, o que inclui uma campanha com a imagem de Cristiano Ronaldo.
Na Europa, os chineses visitam sobretudo França, Alemanha, Reino Unido e Itália, disse ao PÚBLICO Dai Bin, um académico que preside à Academia de Turismo Chinesa, uma unidade de investigação estatal, que é a responsável pela certificação de locais preparados para receber aqueles turistas. Pouco antes, durante a conferência, Dai Bin mostrara-se conhecedor das atracções portuguesas, falando dos Descobrimentos, da comida (a que, disse, os chineses não se conseguem habituar), de vários jogadores de futebol (entre os quais Pauleta, Figo e o inevitável Ronaldo) e, incontornavelmente, dos pastéis de nata.
Há vários motivos por detrás do aumento do turismo chinês nos anos recentes, observou o investigador. Por um lado, resulta do crescimento económico e do aumento do poder de compra, bem como do câmbio favorável face a um euro que se tem vindo a depreciar. Por outro, há uma maior disponibilidade de tempo livre (“cinco a 15 dias de férias pagas, que podem juntar a fins de semana”). E, por fim, Dai Bin referiu uma questão cultural. “Os chineses acreditam que precisam de ler e de viajar para terem mais conhecimento”, afirmou, através de uma intérprete.
Dai Bin notou também haver ainda vários entraves a uma maior afluência de turistas chineses a Portugal, a começar pela burocracia dos vistos e pela falta de voos directos e a acabar na falta de informação e na barreira da língua.
Um dos obstáculos começou a ser ultrapassado em meados deste ano, quando os cartões bancários da chinesa UnionPay começaram a ser aceites nos terminais de pagamentos em Portugal. Em média, segundo números da Academia de Turismo Chinesa, cada turista em Portugal gastou, no ano passado, 935 euros.