A Black Friday chegou. E se não comprássemos nada?

Em resposta ao dia mundial de descontos, surgiu um "dia internacional de protesto contra o consumo". O "Buy Nothing Day" está a dar que falar nas redes sociais

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Movimento propõe uma desintoxicação de compras por 24 horas Polycart/ Flickr

Há correria em busca de determinado produto a preço imbatível, atropelos, filas de gente e muita confusão. Estamos na Black Friday, dia mundial de descontos nascido nos Estados Unidos da América no início dos anos 90 e entretanto adoptado por várias dezenas de países (Portugal incluído). Esta sexta-feira, 27, assinala-se mais um. Mas no mesmo dia, um outro surge para o contestar: o "Buy Nothing Day", um "dia internacional de protesto contra o consumismo".

"O 'Dia sem compras' é um desafio a si mesmo, à sua família e amigos, para que se desliguem das compras e se sintonizem com a vida. As regras são simples, por 24 horas vai desintoxicar de comprar coisas — qualquer um pode participar desde que passe um dia sem gastar. Em vez de comprar, as pessoas podem participar de uma suspensão de consumo por 24 horas, seja por uma experiência pessoal seja por princípio", lê-se no site. 

Este contra-movimento não é, na verdade, único — à medida que o consumo (e o apelo ao consumo) cresce, há também quem tente combatê-lo. Exemplos? O site americano The Minimalists, que encoraja os leitores que os seguem a viver com menos, o blogue Blonde on a Budget, onde Cait Flanders mostra como transformou a forma como lidava com o dinheiro proibindo-se de fazer compras, ou a experiência da jornalista alemã Greta Taubert que viveu um ano sem gastar dinheiro.

Será possível (e fará sentido), numa sociedade de consumo, não consumir? Inspirada pelo movimento "Buy Nothing Day", Michelle McGagh acredita que sim e iniciou agora um período onde tentará demonstrá-lo. "Isto significa não fazer refeições fora, não ir ao cinema, não fazer férias, não ver espectáculos a menos que sejam gratuitos, não beber nos bares, não comprar roupa nova, não beber café (...) Também significa que não ser possível comprar bilhetes de comboio ou autocarro, por isso terei de confiar na minha bicicleta para me deslocar de A para B", explica numa crónica publicada no The Guardian.

No Twitter, há várias "hashtags" a apelar para que se faça desta sexta-feira um dia negro para o comércio: #buynothingday ou #shoplesslivemore dão para ter uma ideia. E há até um evento no Facebook com esse mesmo fim — e com 28 mil pessoas a confirmarem a adesão à ideia.

Por cá, para quem pretende aderir à Black Friday, a Associação de Defesa do Consumidor DECO decidiu disponibilizar de forma gratuita os simuladores de comparações de preços a todos os visitantes do site. Podem ver-se mais de 40 comparações de produtos "testados em laboratórios" e informação sobre mais de 2500 modelos e 40 mil preços recolhidos em várias lojas físicas e online. 

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