Ucrânia fecha espaço aéreo a aviões russos

Depois do apagão na Crimeia, a Rússia voltou a cancelar o fornecimento de gás à Ucrânia. Kiev responde com bloqueio de tráfego aéreo.

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Primeiro-ministro Arseni Iatseniuk diz que Kiev não irá tolerar violações do seu espaço aéreo Valentyn Ogirenko/Reuters

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Iatseniuk, anunciou esta quarta-feira o bloqueio à circulação de aviões russos no espaço aéreo do país. A decisão surge depois de um caça russo ter sido abatido por forças turcas na sequência de uma alegada invasão do seu espaço aéreo, violação que Kiev “não irá tolerar”.

Em Setembro, o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, anunciou que aviões russos iriam ser impedidos de aterrar na Ucrânia. Dimitri Peskov, porta-voz da Presidência russa, declarou então que a medida seria “mais um acto de loucura”, mas pouco depois Moscovo respondeu da mesma forma. Desde Outubro que os voos directos entre os países estão suspensos. Aeronaves militares foram também proibidas de circular.  

O chefe do Governo ucraniano anunciou agora o bloqueio a todos os voos de linhas aéreas russas que sobrevoem o país, alegando que a “Rússia poderá usar o espaço aéreo ucraniano para futuras provocações”. Segundo o comunicado oficial do Governo, a decisão foi tomada tendo em conta “o agravar da situação política e militar externa”.

Depois de as autoridades turcas terem abatido uma aeronave militar russa que estaria, segundo Moscovo, mobilizada para o combate ao Estado Islâmico na Síria, a NATO já se posicionou, e, segundo o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, “as avaliações dos aliados são coincidentes com as informações da Turquia” e que indicam que o avião militar estava dentro das fronteiras turcas.

O caso gerou especulações sobre as intenções de Moscovo, e o chefe do Governo ucraniano, Iatseniuk, adiantou que a decisão de fechar o espaço aéreo à Rússia é “uma questão de segurança nacional e uma resposta às acções agressivas da Federação Russa”.

“Tomamos todas as medidas possíveis para evitar esta posição, para fazer a Rússia tomar as decisões certas. Mas a Rússia, como sempre, discorda das condições legais oferecidas pela Ucrânia”, acrescentou Iatseniuk na reunião do Governo desta quarta-feira.

A tensão entre Kiev e Moscovo agravou-se desde que, no passado fim-de-semana, um acto de sabotagem no continente ucraniano deixou a península da Crimeia sem energia eléctrica e sob estado de emergência.

O Ministro da Energia russo, Alexander Novak, acusou as autoridades ucranianas de recusarem contribuir para a recuperação das linhas de alta tensão que forneciam a península, anexada pela Rússia no ano passado, por motivações políticas. De acordo com Novak, 940 mil pessoas continuavam sem energia esta terça-feira.

Como retaliação, a Rússia bloqueou o fornecimento de gás à Ucrânia. Esta quarta-feira, a empresa de gás natural Gazprom anunciou num comunicado que, “por falta de pagamento”, o abastecimento parou. De acordo com o presidente executivo da empresa estatal, Alexei Miller, a Gazprom irá aguardar o cumprimento das obrigações financeiras por parte de Kiev para restabelecer o serviço.

De acordo com a Ukrenergo, operadora energética ucraniana, os activistas que bloqueavam o acesso aos quatro postes de alta tensão atingidos permitiram que um deles fosse recuperado.

A União Europeia, a Rússia e a Ucrânia irão reunir-se em Bruxelas no dia 1 de Dezembro numa tentativa de chegar a um consenso quanto às suas relações comerciais, depois de a Rússia ter ameaçado impor bloqueios económicos, se o acordo comercial entre a Ucrânia e a UE se estabelecesse sem a protecção dos interesses de Moscovo.

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