Gaia prepara projecto do Museu das Pontes no Laboratório Edgar Cardoso
Nomeada equipa técnica para preparar programa e projecto do futuro museu, em parceria com a Universidade do Porto.
A Câmara de Gaia vai avançar com o Museu das Pontes e vota na próxima segunda-feira a nomeação de uma equipa para avançar com o projecto. Trata-se de uma parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto que permitirá valorizar a zona ribeirinha, o Laboratório Edgar Cardoso e homenagear este engenheiro que marcou o horizonte de Gaia e do Porto, com a ponte da Arrábida e a ponte ferroviária de São João.
Tem já alguns anos a intenção de transformar num museu o antigo laboratório – construído para apoio à construção da Ponte de São João, e que deixou de ter uso em 1991, após a inauguração desta travessia que substituiu a vetusta ponte Maria Pia. O edifício foi entregue pela Refer à Câmara em 2011, no mandato do anterior presidente da Câmara, Luís Filipe Menezes, que lançou a ideia, criando ali um centro de interpretação das pontes do Douro. O actual executivo agarrou a iniciativa incluindo-a, por exemplo, na lista de equipamentos a incluir no plano de valorização do rio Douro, da Área Metropolitana do Porto.
A Faculdade de Engenharia do Porto – que tem no falecido Edgar Cardoso uma das suas maiores referências – acarinhou esta ideia, e nomeou o presidente do Departamento de Engenharia Civil, António Silva Cardoso, para preparar com o município um programa para o futuro museu, que contará com materiais guardados até aqui por esta instituição. A FEUP não pretende investir dinheiro neste equipamento mas garante apoio na definição dos seus objectivos e na sua candidatura a fundos comunitários.
Com vista para quatro pontes, o laboratório tem vários espaços, incluindo um pequeno auditório com 80 lugares e pode acolher debates, exposições e outras iniciativas de valorização da história e das inovações técnicas e conceptuais associadas às travessias entre o Porto e Gaia. A autarquia pretende reunir aqui acervos de engenheiros, filmes, maquetas e outros recursos associados a estas obras que incluíram inovações que puseram os seus autores, e a cidade, no mapa da engenharia mundial.
De montante para jusante, as duas cidades estão unidas pela Ponte do Freixo (projecto de António Reis, a funcionar desde 1995), a Ponte de São João, (de Edgar Cardoso, 1991), a desactivada Ponte Maria (Gustave Eiffel, 1877), a Ponte do Infante (Adão da Fonseca, 2002), a Ponte Luís I (Théophile Seyrig, 1986) e a Ponte da Arrábida (Edgar Cardoso, 1963). O francês Seyrig desenhou para Eiffel o famoso arco da antiga travessia ferroviária e acabou por ganhar, anos depois, o concurso para a Ponte Luís I ao seu antigo patrão.
Em 2013, Menezes defendia o investimento no museu e nas próprias pontes, como factor de valorização da região: “deviam estar iluminadas, ter espectáculos de luz e som pelo menos em determinadas épocas do ano. Já merecíamos, até para a promoção da nossa universidade, dos nossos centros tecnológicos e da história da engenharia de pontes portuguesa, ter um Museu das Pontes”, dizia. O projecto, colocado entre os equipamentos âncora do plano desenhado pela Área Metropolitana para os concelhos banhados pelo Douro e é uma prioridade do actual executivo.
No orçamento para 2016 a câmara incluiu 1.500 euros de um total de 411.500 euros que admite investir no projecto, mas o presidente do município explicou que este um valor meramente indicativo, que pode aumentar em função da disponibilidade de fundos comunitários. O autarca Eduardo Vítor Rodrigues tem afirmado que, realizada a reabilitação da orla marítima, o concelho tem de continuar com a requalificação da sua extensa marginal ribeirinha, e no plano para o próximo ano destinou mais de três milhões de euros para intervenções nesta área.