Os mestres da pintura espanhola em exposição no Museu de Arte Antiga
São 59 as obras da importante Colecção Masaveu que estão expostas em Lisboa até Abril de 2016.
El Greco (1541-1614), José de Ribera (1591-1652), Francisco de Zurbarán (1598-1664), Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682), Luis Egidio Meléndez (1716-1780), Francisco de Goya (1746-1828), Vicente López (1772-1850) ou Joaquín Sorolla y Bastida (1863-1923). O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) inaugura nesta sexta-feira Colecção Masaveu. Grandes Mestres da Pintura Espanhola, uma exposição especialmente pensada para Lisboa que é uma espécie de introdução à história de arte espanhola.
São 59 as obras que nos traçam a história da pintura em Espanha do século XV até ao século XX, com especial foco naquele que ficou conhecido como o Siglo de Oro, o período, sem datas precisas, do florescimento da arte e da literatura espanhola. Apesar de a colecção Masaveu, reunida ao longo de várias gerações por esta importante família espanhola com participações em vários sectores económicos, não se limitar à arte de Espanha, para Portugal viajaram apenas peças dessa nacionalidade. “É um privilégio para o MNAA poder acolher esta amostra tão significativa”, disse aos jornalistas o director António Filipe Pimentel, explicando que é a primeira vez que estas obras são apresentadas desta forma. “É um novo projecto para Lisboa.”
Dividida em cinco núcleos – O esplendor da Idade Média e o Renascimento, El Greco e a transição na pintura do Maneirismo para o Naturalismo, Cintilações do Século de Ouro: os mestres do Barroco, Goya e as Luzes e Uma nova luz: de Fortuny a Sorolla –, o MNAA, em parceria com a Fundación María Cristina Masaveu Peterson e a promotora Ritmos, organizou a exposição de forma “muito didáctica”, explicou Pimentel. Expostas estão algumas das obras mais significativas da colecção. Apesar de a Colecção Masaveu ser uma das mais importantes colecções privadas de Espanha, é ainda pouco conhecida por raras vezes ser exposta, disse o director. São recorrentes os empréstimos de algumas das suas obras, mas são poucas as exposições como esta de Lisboa.
Percorrer as salas desta exposição é compreender a evolução da arte no país vizinho, tantas vezes com nomes que ainda hoje em Espanha permanecem pouco conhecidos. A visita começa com uma introdução à pintura medieval, onde os mestres espanhóis se destacavam, por exemplo, com fundos dourados nas pinturas, para depois entrar no universo de El Greco com o óleo Jesus É Despojado das Suas Vestes (1577-79), uma versão da obra-mestra O Espólio que pode ser vista na Catedral de Toledo.
Ao fundo, salta à vista o óleo sobre tela Santa Catarina de Alexandria, com 179 centímetros de altura. Pintado por Francisco de Zurbarán em 1640, “esta é uma das obras-primas da exposição”, segundo o seu comissário Ángel Aterido, professor de História da Arte e coordenador da secção Biblioteca da revista Goya, publicada pela Fundação Lázaro Galdiano, de Madrid.
Estrelas desta exposição e da própria colecção são também as duas pequenas pinturas de Francisco de Goya: Espetar as bandarilhas (Bandarilheiros) e Despeje de la plaza (Alguacilillos). “São muito importantes porque é quando Goya começa a ser Goya”, explicou Aterido, contando que o mestre espanhol pintou estas obras depois de ter ficado surdo, consequência de uma grave doença, entre 1793 e 1794. Surdo, interessa-se cada vez mais, nestes finais do século XVIII, por experimentar. Nas obras aqui expostas, Goya recorre ao metal, “o que dá uma luz especial à pintura”, e dedica-se a um tema que lhe interessava: as touradas.
“Estas são pinturas feitas por gosto, é a pintura pela pintura”, apontou o comissário, lembrando que foi depois da convalescença da grave doença que “Goya se converteu num grande mestre”. Ao lado, dois retratos de Vicente López, “o sucessor de Goya” na corte espanhola.
Colecção Masaveu. Grandes Mestres da Pintura Espanhola termina com uma sala inteiramente dedicada à obra de Joaquín Sorolla y Bastida, o artista mais representado na colecção espanhola – são 55 obras, sete das quais viajaram para Lisboa, entre elas um imponente retrato da família de Rafael Errázuriz Urmeneta, um importante político e diplomata chileno. “É inevitável pensar n’As Meninas [pintado em 1656 por Diego Velázquez]”, afirmou Ángel Aterido, para quem esta é uma obra “pintada com absoluta liberdade”.
Os bilhetes para a exposição, que fica patente até 3 de Abril de 2016, têm o preço de sete euros.