Assessor do governo britânico reafirma que alterações climáticas são piores do que o terrorismo

Conferência das Nações Unidas sobre clima começa a 30 de Novembro em Paris.

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David King NIKLAS HALLE'N/AFP

As alterações climáticas são uma ameaça maior à sociedade do que o terrorismo, reafirmou esta terça-feira David King, representante do governo britânico para as questões do clima. King tinha feito esta afirmação em 2004, quando era o principal assessor científico do governo de Tony Blair. Agora, quatro dias depois dos atentados de Paris e a duas semanas do início de uma conferência climática decisiva da ONU na capital francesa, diz que não mudou o seu pensamento.

“Eu disse-o na altura e mantenho esta afirmação hoje”, referiu o agora representante especial do ministro dos Negócios Estrangeiros britânico para a questão das alterações climáticas, numa conferência de imprensa em Londres. David King afirmou que os acontecimentos de Paris, tal como o 11 de Setembro nos Estados Unidos e os atentados em Londres em 2005, representam “um desafio severo” para a sociedade.

Mas as alterações climáticas colocam desafios diferentes, com profundas consequências a longo prazo. “Olhe para as implicações na saúde. Estamos a falar da possibilidade de perdermos muitos dos avanços na saúde mundial que foram conseguidos nos últimos 50 anos”, exemplificou.

Manchada pelo horror dos ataques que mataram pelo menos 132 pessoas em Paris na sexta-feira, a conferência climática da ONU começa dia 30 de Novembro, com a missão de discutir um novo acordo global para conter o aquecimento do planeta.

David King está confiante de que este acordo será alcançado. Até agora, 163 países, representando 90% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2), submeteram às Nações Unidas os planos do que estão dispostos a fazer para ajudar a conter a subida dos termómetros.

A soma de todas estas promessas não é suficiente para limitar o aumento a dois graus Celsius até ao final do século, como acordado internacionalmente. Mas David King considera que este comprometimento é um passo decisivo. “É, em si mesmo, uma declaração sobre as intenções em torno de Paris. Representa um momento político para um acordo. Dificilmente veremos as negociações falharem”, completa.

O assessor climático do Governo britânico diz que “não será um acordo ideal” e que é preciso garantir uma revisão a cada cinco anos dos compromissos de todos os países. “Precisamos de mecanismos para verificar se estes compromissos são cumpridos”, acrescenta David King. Estas são duas das exigências que a União Europeia leva para a conferência de Paris.

Havendo acordo, os países colocarão em marcha as suas promessas e isto dará um forte impulso ao mercado das energias limpas. “Temos mais de cem anos de combustíveis fósseis, é um sector maduro”, explica David King. As renováveis, acrescenta o cientista, vão conseguir competir em melhor posição com os combustíveis fósseis. “O custo da energia solar fotovoltaica já caiu 80% desde 2008. E o das turbinas eólicas, 29% desde 2009”, refere David King.

O Reino Unido quer reduzir em 80% as suas emissões de gases com efeito de estufa até 2050, em relação a 1990. Até agora, obteve uma redução de quase 30% – em boa parte conseguida com a substituição do carvão pelo gás natural no sector eléctrico e nas habitações, nos anos 1990.

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