Avenida Nun’Álvares à espera do metro

Câmara do Porto garante que está a trabalhar no projecto da avenida, mas não esclarece se este contempla o trabalho desenvolvido previamente pelo arquitecto Paulo Marques

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Da Avenida Nun’Álvares existe apenas uma placa, colocada por Rui Rio, rebaptizando-a como avenida D. Pedro IV Adelaide Carneiro

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse na sessão da Assembleia Municipal da passada segunda-feira que a Avenida Nun’Álvares, a avançar, terá de ser sempre interligada com a passagem do metro por aquele local. “Não tomaremos qualquer decisão relativamente àquele espaço urbano sem sabermos qual vai ser a solução para o metro Ocidental”, disse.

Minutos antes, o deputado Francisco Carrapatoso interrogara o autarca sobre se ia concretizar um conjunto de projectos, ainda neste mandato, incluindo a Avenida Nun’Álvares. “Quando chegamos à câmara o modelo da Avenida Nun’Álvares não era exequível e tinha sido abandonado”, respondeu-lhe o autarca, acrescentando: “O projecto não correu bem”.

Ao PÚBLICO, fonte da assessoria de imprensa garantiu que, com estas palavras, o autarca não quis dizer que a avenida só será construída quando a ligação do metro de Matosinhos a S. Bento for autorizada, mas que o projecto que for desenvolvido para ali terá de contemplar obrigatoriamente a passagem do metro e a forma como este atravessará não só esta nova via, que ligará a Avenida da Boavista à Praça do Império, como o Parque da Cidade. “A Câmara do Porto tem vindo a desenvolver o projecto da Avenida Nun’Álvares de forma a que ele possa ser executado prevendo a integração do metro”, disse.

Prevista nos planos da cidade há décadas, a Avenida Nun’Álvares parecia ter ganhado um novo impulso durante os mandatos de Rui Rio, quando foi mesmo lançado um concurso público para a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão (UOPG) n.º 1, a da avenida. O arquitecto Paulo Marques venceu o concurso, que previa a possibilidade de o metro vir a ser integrado na via, à superfície ou no subsolo, além da construção de praças, jardins e um conjunto de edifícios para urbanizar toda a área. Contudo, em Julho de 2013, a câmara anunciou que a hipótese de avançar com a operação de loteamento e a unidade de execução deixara de ser exequível, porque obrigava a que toda a UOPG fosse desenvolvida em simultâneo, e a crise afastara a possibilidade de investimento de muitos dos proprietários. Em alternativa, foi aprovada a realização de um plano de pormenor, tendo por base o anteprojecto de Paulo Marques, e que deveria estar concluído no prazo de um ano.

Mais de dois anos depois, o arquitecto diz ao PÚBLICO que não foi formalmente contactado pelo executivo de Rui Moreira, desde que este tomou posse e que apesar de ter “sempre alguma expectativa” que o trabalho desenvolvido venha a ser aproveitado, não tem qualquer informação nesse sentido. Por enquanto, diz, irá continuar à espera.

Já a Câmara do Porto não esclarece se o trabalho que está a ser desenvolvido no município tem por base ou não o conceito de Paulo Marques. E também não especifica se o projecto poderá ter algum desenvolvimento ainda neste mandato. “O presidente entende que é tempo de densificar a rede de metro do Porto e, a avançar uma linha, terá de ser aquela. Quando essa decisão for tomada queremos ter uma solução que não seja um óbice à instalação da linha. Tudo o que será feito até lá é acreditando que a linha vai ser feita”, afirma o assessor de Rui Moreira, Nuno Santos.

A forma como a linha irá atravessar o Parque da Cidade é outra das perspectivas que a câmara quer trabalhar, em articulação com o projecto para a nova avenida. Paulo Marques desenvolveu o seu trabalho prevendo que o metro, a existir, passaria enterrado no parque, mas Rui Moreira, que integrou uma comissão de acompanhamento do desenvolvimento da rede defendia, em 2009, que o metro devia passar em viaduto, sobre o Parque da Cidade.

Da Avenida Nun’Álvares existe apenas uma placa, colocada por Rui Rio, no local onde a artéria deveria nascer. Curiosamente, a placa rebaptiza a avenida como D. Pedro IV, mas os novos órgãos do executivo parecem ter ignorado a mudança de nome, aprovada pelo executivo de Rio, e nem uma só vez se ouviu falar da Avenida D. Pedro IV.

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