Como se fosse hoje
Queria apanhar erros mas acabei por saber muita coisa que não sabia: até sobre mim.
Gostei muito de ler o livro de Filipe Santos Costa e Liliana Valente sobre O Independente, publicado pela Matéria Prima.
Arrependi-me de não ter falado com o Filipe Santos Costa mas ele é tão bom jornalista que tornou desnecessária qualquer conversa comigo. Agradeço-lhe também não ter sido um chato, por não ter insistido na entrevista. Ainda bem que o Paulo Portas não foi tão preguiçoso como eu.
O livro deu muito trabalho mas valeu (e excedeu) a pena, porque conta, com verdade, uma história, baseada num conjunto de histórias, que nunca foi contada e que tive, assim, o prazer de ler pela primeira vez.
Poderia ter sido outra a história, obviamente. Mas esta tem a vantagem de ter coerência, drama e verosimilhança. Foi muito bem investigada e está muito bem escrita.
Aprendi imenso. Queria apanhar erros mas acabei por saber muita coisa que não sabia: até sobre mim. A Máquina de Triturar Políticos é uma magnífica reportagem sobre um jornal que começou por ser inteiramente sincero, livre, selvagem, culto e independente. O livro tem essa mesma independência em relação aos personagens e aos conflitos que escolheu incluir e contar. É muito crítico mas a crítica é generosa e compreensiva. Éramos novos mas sabíamos o que estávamos a fazer: o bem e o mal.
Uma das coisas que o livro apanha bem o esforço que o meu amigo Paulo Portas fez para não se meter na política. Foi obrigado pela incompetência daqueles que apoiava - e ainda bem que foi.