Fotografia
Estas são histórias de abuso sexual no exército
A fotógrafa americana Mary F. Calvert acompanhou durante dois anos uma série de mulheres que têm em comum o facto de terem sido afastadas de funções militares que exerciam e de terem sido, em contexto profissional, vítimas de violação por parte de superiores hierárquicos. A autora de "The Battle Within: Sexual Assault in America's Military: The survivors" conversou com o P3 e expôs os factos, dando a conhecer as suas histórias. Natasha, Britanny, Melissa, Kate, Connie, Tifanny, Elisha, Virginia, Jessica, Jennifer e Carrie foram os casos que documentou. O síndrome de stress pós-traumático é, nestas mulheres, uma consequência directa do abuso sexual e da posterior retaliação por parte dos colegas e instituição quando o caso é tornado público. Por este motivo, muitas são as que preferem guardar silêncio e manter-se em funções, convivendo diariamente com o agressor que não raras vezes repete a ofensa. "Eles sabem escolher as suas presas", disse Calvert em entrevista ao P3. "Existem duas formas de retaliação: a mais simples é quando os teus pares te maltratam e te isolam do grupo. A segunda forma é quanto a própria instituição te afasta, argumentando que tens um distúrbio de adaptação, o que significa que já tinhas um problema mesmo antes de te alistares no exército.” Carrie Goodwin é um exemplo do que pode acontecer em situações limite. Os próprios familiares desconheciam a violência sexual e psicológica a que tinha sido exposta e foram incapazes de intervir no sentido de impedir o seu suicídio. As vítimas, segundo Calvert, “passam anos mergulhadas em vergonha e medo, o que vai devorando as suas vidas: muitas acabam por desenvolver dependência de álcool ou drogas, por se tornarem sem-abrigo ou cometerem suicídio”. O problema está na mira da Human Rights Watch, que publicou em Maio de 2015 um relatório que concerne o problema da retaliação contra as vítimas que expõem publicamente as agressões, onde pode ler-se que é imperativo que “ninguém seja forçado a escolher entre reportar um caso de violação e permanecer no exército”. Ana Marques Maia