Marco Ferreira acusa Vítor Pereira de lhe pedir para favorecer o Benfica

Ex-árbitro denuncia telefonemas do presidente do Conselho de Arbitragem antes dos jogos dos "encarnados".

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João Cordeiro

Marco Ferreira quebrou o silêncio. O árbitro que apitou a final da Taça de Portugal da época passada e que se viu despromovido ao segundo escalão, abandonando pouco depois a actividade, acusa o presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Vítor Pereira, de lhe ter solicitado que favorecesse o Benfica no campeonato. "Queria agradar ao único clube que o apoia", sustenta o madeirense. Vítor Pereira já reagiu, revelando que vai avançar com uma queixa-crime contra o autor da denúncia por declarações caluniosas.

Em entrevista ao jornal espanhol AS, publicada um dia antes do derby entre Benfica e Sporting, Marco Ferreira fala sobre a estranheza da sua despromoção, colocando sempre o líder do CA em ponto de mira. "Para mim, o mais grave é que, para além de apitado a final da Taça, em Janeiro tinham-me sido renovadas as insígnias da FIFA. A única explicação que encontro é que na época passada arbitrei três vezes o Benfica e o Benfica perdeu duas. Creio que foi por isso que não me deram nenhum clássico".

Marco Ferreira, que no ano anterior tinha ficado no topo da hierarquia de arbitragem, assegura que a pressão para não prejudicar o campeão nacional é real. "Eu e muitos companheiros recebíamos chamadas do presidente do CA na mesma semana em que estávamos nomeados para apitar o Benfica. Vítor Pereira tem muitos inimigos e opositores, entre eles pessoas do próprio CA e de muitos clubes da primeira. Não o querem no cargo. Agora, o único dos 'grandes' que o apoia é o Benfica", acrescenta.

Quando instado a reflectir sobre a sua prestação nos jogos do Benfica que dirigiu, o ex-árbitro madeirense faz o balanço: "Na derrota em Braga, em Outubro [de 2014], na 8.ª jornada, o jogo correu-me mal. Mas para as duas equipas. Depois desse jogo, o Benfica protestou contra mim e disseram-me que não voltaria a apitar um jogo dos mais importantes".

E Marco Ferreira vai mais longe: "Depois desse Sp. Braga-Benfica, Vítor Pereira nomeou-me para um Rio Ave-Benfica. Nessa semana telefonou-me duas vezes, na terça e na quinta-feira. Na quinta-feira disse-me que, caso não fizesse um bom jogo, não poderia nomear-me para o Benfica-FC Porto, em Abril", relata. "Disse-me que tivesse cuidado, quer era o jogo do título do Benfica e eu disse-lhe que não, porque o Benfica tinha quatro pontos de vantagem sobre o FC Porto. E ele respondeu-me: 'É muito diferente jogar com o FC Porto com uma diferença de quatro pontos do que com dois ou um'. Do meu ponto de vista, isto é grave".

O antigo juiz madeirense fala, também, de um clima de medo entre os colegas de profissão. "Têm medo de denunciar e de que Vítor Pereira acabe com as suas carreiras como acabou com a minha. Sou para eles um exemplo do que pode acontecer. Eu era árbitro internacional e nunca em Portugal um árbitro internacional tinha sido despromovido".

Do lado do Benfica, a única reacção chegou através da conta do director de comunicação, João Gabriel, na rede social Twitter: "Mais um frete do AS ao amigo basco", escreveu, numa alusão a Julen Lopetegui, treinador do FC Porto. "Já Marco Ferreira continua a perseguir fantasmas. A incompetência não se justifica, assume-se". 

 

 

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