México prepara-se para o pior furacão do hemisfério Ocidental
O Patrícia deve atingir a costa do Pacífico na madrugada deste sábado e pode ter resultados "catastróficos".
A costa Mexicana do Pacífico está prestes a ser atingida pelo que promete ser o furacão mais forte de sempre, o Patrícia, com ventos que podem atingir os 325km por hora e ter produzir estragos “potencialmente catastróficos” ao entrar em terra.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos classifica-o como uma tempestade de categoria 5 e diz que é a mais forte alguma vez registada no hemisfério ocidental. Para ter um termo de comparação, só o tufão Haiyan, que matou mais de 6300 pessoas em 2013 nas Filipinas e destruiu 90% da cidade de Tacloban, disse a Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
As autoridades mexicanas evacuaram habitantes e turistas, fecharam portos, aeroportos e escolas. A electricidade vai ser cortada nos estados de Colima, Jalisco e Nayarit pouco antes da passagem do furacão – que deve chegar a terra por volta da meia-noite de Lisboa (17h00 locais).
Há várias zonas de resorts turísticos no caminho do furacão, como Puerto Vallarta, onde estavam 7000 turistas estrangeiros e 21 mil nacionais, diz a AFP. Na rota da tempestade está ainda ainda o importante porto de mercadorias em Manzanillo, que foi encerrado, e cidades grandes como Guadalajara.
“O furacão é tão forte que pode atravessar as duas cadeias da Sierra Madre, e passar o outro lado do país, ao longo do Golfo do México, e ir para os Estados Unidos, comentou Roberto Ramirez, o director da agência federal da água, Conagua, citado pela Reuters.
O Patrícia é muito mais forte que outros furacões célebres pelos estragos que produziram, como o Andrew, em 1992, ou o Katrina, em 2005.
No estado de Colima, há um perigo acrescido: um vulcão, a cerca de 210 km de Puerto Vallarta, cujas cinzas podem misturar-se com a muita chuva trazida pelo furacão Patricia, produzindo enxurradas de materiais semelhantes a cimento, que podem engolir povoações, diz ainda a agência.
Esta tempestade é excepcional pela sua força, e também pela velocidade com que se transformou neste monstro. “Cresceu a uma velocidade incrível” desde quarta-feira, disse a OMM. Passou de uma pequena tempestade tropical para furacão de categoria 5 – o máximo da escala – com a maior rapidez que se poderia esperar, comentou Bob Henson, do blogue Weather Underground.
Por trás deste crescimento acelerado está o fenómeno climático El Niño, que periodicamente altera os padrões meteorológicos à escala global. No Pacífico, faz aumentar a temperatura das águas à superfície, e há indícios de que estejamos no início de um El Niño particularmente forte. Esse terá sido o combustível que fez com o Patrícia disparasse.
“Os furacões raramente se mantêm como categoria 5 durante mais de 24 horas, mas o Patrícia tem boas hipóteses de se manter assim até chegar a terra”, afirmou Bob Henson, um jornalista de ciência com vasta experiência em temas de clima e meteorologia. Ao longo do seu percurso, as temperaturas da água do mar à superfície atingem níveis recordes: 30,5 graus Celsius. Nos furacões, a água é convertida em calor nas tempestades que se formam no interior do furacão, e giram em torno do olho. É como um combustível que alimenta a tempestade.