Nos últimos três anos só há registo de um caso de "doença das vacas loucas"
Canadá retoma esta semana importações de carne de bovina portuguesa que estavam proibidam desde 1996.
Em quase três anos, apenas há registo de um caso de BSE (encefalopatia espongiforme bovina), conhecida como a "doença das vacas loucas", em Portugal. Pela primeira vez em quase duas décadas, em 2013 Portugal não registou casos de BSE, no ano seguinte foi notificado um caso de “um animal velho”, e este ano não há qualquer situação confirmada até à data, destaca o secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, para quem Portugal é hoje "um dos países mais seguros do ponto de vista alimentar".
O último caso de BSE foi confirmado há um ano (Novembro de 2014) num bovino macho de raça minhota, já com 16 anos de idade. Desde então, e até à data, não há por enquanto registo de mais casos desta doença que provocou uma crise sanitária nos anos 90 do século passado.
Foi neste contexto, enfatizou o governante, que Portugal conseguiu baixar o estatuto de risco de BSE, que desde 2014 é considerado “insignificante”. Graças à evolução verificada, frisou, o Canadá decidiiu esta semana retomar as importações de carne de bovino de Portugal e de outros 18 Estados-membros da União Europeia, incluindo Espanha, França e Grécia, que estavam proibidas desde 1996 por causa da BSE.
Portugal vai voltar, assim, a poder “exportar carne de vaca” para o Canadá, um sinal de confiança nas medidas adoptadas na União Europeia para erradicar a “doença das vacas loucas”. O levantar da interdição prova que o país já está nos níveis de segurança preconizados pela Organização internacional para a Saúde Animal (OIE), diz o secretário de Estado. Segundo a OIE, um país entra na zona de risco quando a taxa de incidência ultrapassa os 100 casos de doença por milhão de animais.
Foi o elevado número de casos de BSE registados em Portugal que motivou um embargo das exportações de carne de vaca nacional entre 1998 e 2004, altura em que a Comissão Europeia levantou a interdição por considerar que o risco estava controlado.
Na sequência da crise das “vacas loucas”, Portugal adoptou uma série de medidas de excepção e, ao longo dos anos, foi-se observando uma regressão da incidência da doença. A Comissão Europeia decretou medidas de emergência antes da entrada em funcionamento do sistema de despistagem rápida da BSE e, em 1998, proibiu-se em Portugal a introdução das farinhas animais nas rações de engorda, produto que constituia o mais provável agente de contaminação, e foi posto em marcha um programa de abate de bovinos com mais de 30 meses de idade.
Relativamente à variante humana da BSE, a doença de Creutzfeldt-Jakob, uma patologia rara de tipo neurodegerativo que pode ser originada pelo consumo de carne contaminada, entre 2010 e 2013 houve 26 casos confirmados, incluindo-se neste número, porém, as três variantes da doença. O doente mais jovem estava na faixa etária dos 15 aos 24 anos, o que se enquadra num diagnóstico da variante da Creutzfeldt-Jakob.
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