Caiu chuva leve no Portugal Fashion e os Storytailors armaram um exército de ar e água
Verão do 37.º Portugal Fashion começou na noite desta quarta-feira em Lisboa, primeiro no Ritz, depois no Museu de História Natural.
Um dia de sol com chuva dentro do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, e um exército de figuras de encantar que guardava homens e mulheres minimais numa nuvem azul e branca no Hotel Ritz. O 37.º Portugal Fashion começou a sua viagem até ao Verão de 2016 em Lisboa, na noite de quarta-feira, e parte esta quinta-feira para casa, o Porto.
O final da tarde começava com os sonhos de "couture moderna", como diziam aos jornalistas os designers Luís Sanchez e João Branco. Os Storytailors levaram à passerelle uma guarda de mulheres com saias armadas inspiradas na espiral de Fibonacci (simplificando muito, uma espécie de formato concha, um interior de um búzio) que lhes envolve as pernas em branco em diferentes volumes. Elas à entrada da passerelle e os looks mais contemporâneos, depurados e frescos, a passar por entre as suas fileiras. Estampados de azul azulejo (e de imagética de azulejaria propriamente dita), tie-dye indigo, volumes em branco de algodão e uma encenação a condizer com o romantismo elegante da sala Pedro Leitão no Four Seasons lisboeta.
Inspirações: as histórias portuguesas da Santa Joana Princesa, das Três Mouras Encantadas e Os Lusíadas. O primeiro e o último vestido na passerelle estiveram em 2014 na exposição Iberian Suite, em Washington, comissariados pelo Kennedy Center, e os Storytailors quiseram celebrar o acto criativo e a roupa como incentivo à felicidade com a sua colecção dentro da sua narrativa em curso Diário de uma princesa em descoberta.
A edição de Primavera/Verão 2016 do Portugal Fashion, que este ano está a comemorar os seus 20 anos, transferiu-se depois para o Antigo Picadeiro do Colégio dos Nobres, no Museu de História Natural. Um mergulho numa Primavera húmida ou numa chuva de Verão cortesia dos jovens designers da plataforma Bloom Hibu e Carla Pontes. Pontes, que esteve pela sétima vez no Bloom, é formadora da escola Modatex e mostrou Alga, uma coerente e delicada colecção em cinza chumbo, azul klein e tons neutros.
Os jumpsuits de pele de pêssego, o nude dos cupros (uma fibra derivada da celulose e do desperdício do algodão por vezes com um aspecto sedoso) evocaram o aroma do sargaço para logo serem seguidos pelo gender-bending da dupla Hibu. O desfile da colecção da dupla Marta Gonçalves e Gonçalo Páscoa manteve o seu tom desportivo e causou uma Impression — rapazes de saias descontraídas e raparigas de silhuetas quadrangulares estavam preparados para as águas de Verão. Com os seus impermeáveis amarelos, com um styling quase tribal nos grandes brincos e nas pinturas faciais, usavam nós e cortes de inspiração japonesa cuja técnica de inspiração (e trabalho) foi a colagem.
Da colagem para o patchwork, Alves/Gonçalves. Uma das mais duradouras marcas de moda de autor portuguesa, com seguidoras fiéis e glamour nas primeiras filas, quis fazer uma “combinação rebelde”. Efeitos tweed e lantejoulas, cortes interessantes nas laterais das calças com sugestão de um calção, mas muitos, muitos padrões, desconstruções, mulheres altas, tecidos rendados — saíram vencedores os ombros em redes douradas em vestidos pretos ou brancos. E, depois das palmas, saíram os convidados do Antigo Picadeiro para esta quinta-feira o Portugal Fashion assentar no Porto por mais três dias. Desfiles de Luís Buchinho, Nuno Baltazar, Fátima Lopes, Katty Xiomara ou Júlio Torcato, além das marcas da indústria e do calçado português, continuam até sábado entre a Alfândega, o Palácio de Cristal, o Coliseu ou o Quartel Serpa Pinto.