Ferro e candidato PSD/CDS disputam presidência do Parlamento
A coligação não quer abdicar do cargo que é a segunda figura do Estado. É a primeira vez que haverá duas candidaturas em concorrência ao cargo.
Quando, nesta sexta-feira, os deputados eleitos na nova legislatura (a XIII) se sentarem no hemiciclo e se prepararem para eleger um Presidente da Assembleia da República, terão de escolher entre dois candidatos - que acontece pela primeira vez: Eduardo Ferro Rodrigues, ex-secretário-geral do PS, e um outro apoiado pela coligação PSD/CDS, que ainda é desconhecido.
Apesar de as bancadas mais à esquerda somarem mais deputados do que as duas da direita, o PSD e o CDS não desistiram de conseguir a eleição que precisa de maioria absoluta, ou seja, 116 parlamentares, mais nove do que tem a coligação. O nome do candidato que substituirá Assunção Esteves está a ser ponderado entre as direcções dos dois partidos, mas Fernando Negrão, que nesta legislatura presidiu à comissão de Assuntos Constitucionais, é uma possibilidade.
A coligação PSD/CDS não está disposta a abdicar do cargo que normalmente é desempenhado por um deputado do partido ou força mais votado, depois de eleito. Além de representar a segunda figura do Estado, depois do Presidente da República, o cargo é também simbólico para PSD e CDS , já que a sua conquista reflecte o argumentário dado para a formação de Governo e que é o facto da coligação ter sido a força mais votada nas legislativas.
A possibilidade de ser uma figura acordada com o PS era uma das propostas que constava do documento “facilitador de compromissos” apresentado pela coligação aos socialistas, mas que não resultou em qualquer entendimento nas últimas semanas.
Do lado do PS foi o próprio Ferro Rodrigues, que foi líder parlamentar nos últimos meses, a assumir a sua disponibilidade para se candidatar ao cargo.
"Já disse que sim há muito tempo", disse aos jornalistas no Parlamento, lembrando no entanto que a decisão cabe ao líder do PS, António Costa. As candidaturas têm de ser subscritas por um mínimo de um décimo de deputados (23). Ferro Rodrigues foi ainda questionado sobre se gostava de ser presidente da Assembleia ou de vir a integrar um governo PS. “Nestes momentos fica-se sempre dividido entre fazer parte da história de uma ou de outra forma, mas acho que das duas formas se pode fazer parte da história”, afirmou.
Ferro Rodrigues falava no Parlamento depois de uma curta conferência de líderes em que foi marcada para esta sexta-feira a primeira sessão plenária da nova legislatura. Nessa primeira sessão, de manhã, cabe ao PSD — a bancada com mais deputados — propor (depois de o comunicar previamente às restantes bancadas) um deputado para presidir aos trabalhos. Só à tarde se fará a eleição, por voto secreto, do presidente da Assembleia, que irá substituir Assunção Esteves.
Esta deputada do PSD acabou por ser eleita em 2011, depois de o candidato apoiado pelos sociais-democratas – Fernando Nobre – não ter conseguido, por duas vezes, o número de votos suficientes. Na altura, a bancada do CDS não se empenhou na eleição do candidato que era o cabeça de lista do PSD por Lisboa.