Em fuga
Um filme em busca de uma identidade, mas que nem sempre consegue fugir aos lugares-comuns.
Um nadador-salvador em fuga de si mesmo, ou em fuga para se encontrar a si mesmo? É a pergunta a que Karim Aïnouz não responde por inteiro nesta história de um homem que vê a identidade que criou para si próprio posta em causa pelo fracasso e se questiona o que fazer em seguida. Até porque Praia do Futuro é, ele próprio, um filme em fuga dos lugares-comuns do cinema queer, porque a sua questão é a identidade e a vulnerabilidade mais do que a sexualidade. Mas não lhes consegue fugir por inteiro, porque Aïnouz não consegue escapar ao fascínio do estereótipo masculino do herói invencível, que faz as coisas que os outros não fazem (o soldado, o motard, o nadador-salvador). Ainda assim, há em Praia do Futuro uma dimensão celebratória e uma entrega dos actores, e sobretudo de Wagner Moura, que não há como diminuir, e que tornam o filme numa proposta bem interessante.