Cavaco previu cenário com Governo de esquerda
Cavaco tem "forte esperança" que "superiores interesses" do país prevalecerão. Segunda-feira recebe Passos Coelho. Terça-feira é a vez de serem recebidos PSD, PS, BE e CDS. Na quarta vão a Belém o PCP, o PEV e o PAN.
Com as audições aos partidos que elegeram deputados à Assembleia da República marcadas para terça e quarta-feira, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, procurou serenar os ânimos da opinião pública sobre a situação política e as negociações partidárias para a formação de Governo.
Já na segunda-feira, o Presidente vai receber o líder do PSD e da coligação Portugal à Frente, Pedro Passos Coelho, para que este lhe dê conta das diligências por si feitas de modo a obter um acordo partidário que lhe permita formar Governo. A 6 de Outubro, Cavaco Silva recebeu Passos Coelho e encarregou-o precisamente de proceder a esses contactos.
Depois na terça-feira o Presidente receberá em audiência o PSD, o PS, o BE e o CDS. E na quarta é a vez de serem ouvidas as delegações do PCP, o PEV e o PAN.
Falando aos jornalistas em Albufeira este sábado de manhã, o Presidente da República assumiu que nas precisões de cenários políticos pós-eleitorais que foram feitos pela Presidência da República as actuais negociações para formação de Governo foram previstas, incluindo a possibilidade de apesar de a coligação ganhar as eleições, poder haver uma maioria de esquerda no Parlamento e o PS procurar negociar à sua esquerda a constituição de um acordo que suporte um Governo dos socialistas liderado por António Costa.
“Nós tínhamos estudado todos os cenários, também este que está a acontecer, por isso não estamos assim tão surpreendidos na medida em que tínhamos imaginado todas as possibilidades”, afirmou Aníbal Cavaco Silva, segundo a Lusa. E garantiu que está a seguir todos os passos “que mais ou menos tinham ficado delineados caso esta hipótese se verificasse”.
Ainda que explicando que a situação política pós-eleitoral não o surpreendeu, Cavaco evitou responder sobre qual seria, na sua opinião, o cenário de governo ideal. Justificando a recusa em responder, o Presidente afirmou que se o fizesse “podia estar a dar a entender aquilo que pode vir a acontecer”.
O Presidente evitou também fazer qualquer tipo de comentário sobre o comportamento que os vários partidos com assento parlamentar têm assumido desde o dia 4 de Outubro. E sublinhou não tencionava fazer declarações que “que possam ser interpretadas como apontando nesta ou naquela direcção”.
Mas não deixou de frisar o seu entendimento de que os partidos políticos têm que por o interesse do país à frente do interesse partidário. “Ainda tenho forte esperança de que os superiores interesses de Portugal não deixarão de estar presentes nas mentes de todos os nossos agentes políticos”, sublinhou Cavaco Silva.
O Presidente da República evitou sempre a responder às questões dos jornalistas sobre a situação política, dizendo apenas que, neste momento, não deve fazer.