Presidente do INEM cancela conferência de imprensa

Ministro da Saúde seguiu as recomendações da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), que sugeriu a abertura de um processo disciplinar a Paulo Campos

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O alerta foi dado às 16h50 deste sábado Foto: Nelson Garrido

A Comissão de Trabalhadores do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) espera uma “conclusão célere” do processo disciplinar instaurado ao presidente do organismo pelo ministro da Saúde que implicou a sua suspensão temporária de funções. Esta manhã, o gabinete de marketing e informação do INEM fez saber que a conferência de imprensa marcada para o início da tarde por Paulo Campos foi cancelada “por motivos imprevistos”.

O ministro da Saúde seguiu as recomendações da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), que sugeriu a abertura de um processo disciplinar a Paulo Campos, por ter concluído que a sua actuação foi ilegal e contrária ao interesse público no caso do accionamento de um helicóptero para transporte de uma doente do hospital de Cascais para o de Abrantes, em Janeiro deste ano.

Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores do INEM afirma ter recebido “com muita naturalidade e tranquilidade” a notícia da suspensão e sublinha que quer ver “encerrado este lamentável capítulo na vida” do instituto. “Estando instaladas suspeitas sobre o presidente do INEM, não se poderia continuar sem tomar uma decisão em conformidade, que defendesse tanto o supremo interesse público como a estabilidade e credibilidade do INEM e dos seus profissionais”, acentua.

Numa nota à comunicação social divulgada terça-feira à noite, Paulo Campos tinha saudado da "a tomada de uma decisão, ao fim de largos meses de invenções, desinformações, especulações e fugas de informação que apenas visaram este resultado" e assegurado que  "todo este processo radica numa mentira ignóbil, como a seu tempo ficará provado”.

Em anexo à nota, Paulo Campos tornava pública uma carta que escreveu há dias ao ministro da Saúde, após a divulgação de notícias sobre o relatório da IGAS. Nesse texto, com três páginas, o presidente do INEM insiste que não actuou "em benefício pessoal" e garante que o INEM, as equipas médicas e ele próprio têm "a certeza" de, neste caso concreto, terem "cumprido escrupulosamente a missão" de que estão legalmente incumbidos.

"Não posso ignorar ou fingir não conhecer as fragilidades do sistema de saúde SNS que V. Exa superiormente dirige. Sabe V.Exa, melhor do que eu, que tais fragilidades colocaram e continuam a colocar em risco várias vidas, designadamente por ineficiências do sistema, nomeadamente nos serviços de urgência", afirma Paulo Campos. E continua, dizendo que este caso "foi um exemplo claro de tais fragilidades e ineficiências do sistema de saúde hospitalar".

Para a IGAS, a conduta do presidente do INEM - Paulo Campos terá visitado a doente na qualidade de amigo da família (o que ele nega) e pedido o seu transporte de helicóptero - foi “contrária aos princípios gerais da ética e da boa gestão”. E isto porque, enfatiza a inspecção, “em função de um apelo particular, foi privilegiada uma doente sem que tal excepção fosse devidamente fundamentada e autorizada”. 

 

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