“Ponto final.” Passos não vai reunir-se mais com PS para “fazer de conta”
“Dá a impressão que o PS ganhou as eleições e está a fazer diligências para formar governo”, disse o líder da coligação de direita.
Pedro Passos Coelho deixou nesta quarta-feira um aviso claro: já teve duas reuniões com o PS e não está disponível para mais, se for para andar a “fazer de conta”. O líder da coligação Portugal à Frente disse mesmo que talvez seja altura de “pôr um ponto final naquilo a que o país tem vindo, atónito, a conhecer em praticamente uma semana”, como se tivessem sido os socialistas, e não a coligação de direita, a ganhar as eleições.
“Dá a impressão que o PS ganhou as eleições e está a desenvolver diligências para formar governo", disse nesta quarta-feira, citado por diversos meios de comunicação social e à margem de reuniões preparatórias sobre o Conselho Europeu. O líder da coligação de direita mostrou-se ainda indisponível para andar a fazer reuniões com os socialistas que não cheguem a qualquer resultado e ironizou, sobre o cenário das negociações em curso, que "dá a impressão que o PS ganhou as eleições e está a fazer diligências para formar governo".
Por isso, deixou um aviso os socialistas: “Já tive duas reuniões com o PS e não tenciono ter mais nenhuma para fazer de conta ou simular que se está a alcançar algum resultado, pois o PS não deu contributo nenhum para que esse resultado fosse alcançado.”
O líder da coligação Portugal à Frente declarou ainda que o país não pode ficar "refém" de um jogo entre partidos: "Não vamos inverter esses papéis e eu não aceitarei que o país fique refém deste jogo que é um jogo político-partidário, que pode ser muito respeitável para o PS, mas não é um jogo que possa prosseguir com o meu apoio."
Passos Coelho, que está à espera que o Presidente da República o indigite para formar governo, insistiu que “está na altura de dizer, de forma audível, que o PS perdeu as eleições, não as ganhou, e portanto cabe-lhe encarar com humildade e com responsabilidade o resultado destas eleições”.
À margem daquelas reuniões, sublinhou que está "sempre disponível, aberto, para poder atingir qualquer compromisso" que dê aos portugueses garantia de que os próximos anos serão de crescimento e de retoma do emprego", mas sem esquecer que o resultado dá a vitória à coligação e não ao PS. “Não vamos virar o resultado das eleições do avesso", disse, deixando claro que não vai "governar com o programa do PS" e não vai "com certeza sujeitar o país a uma espécie de chantagem política em que quem perdeu impõe a quem ganhou as condições”.
Passos ressalvou que os socialistas podem, porém, apresentar os seus contributos "em qualquer altura" e defendeu que a coligação deu "os passos que eram necessários e indispensáveis, com muita humildade, para procurar o apoio do PS".
"Nós dissemos com muita clareza: não tivemos a maioria absoluta no Parlamento e, portanto, não podemos governar só com o nosso programa. Estamos disponíveis para fazer concessões, mas é preciso saber o que é que o PS quer para poder dar aos portugueses condições de estabilidade", defendeu.
Na terça-feira, no final de duas horas e um quarto de encontro entre os representantes da coligação Portugal à Frente e do PS, Passos Coelho afirmou que não se tinha “avançado rigorosamente nada” desde a primeira reunião. Já as negociações entre PS, Bloco de Esquerda e PCP têm corrido melhor, admitiu numa entrevista ao Financial Times o líder socialista António Costa.