António Costa garante: “Não estamos a fazer bluff”
As barreiras ideológicas que separaram os partidos de esquerda foram finalmente superadas, diz Costa ao Financial Times. “Isto é como derrubar os últimos restos de um muro de Berlim.”
Num artigo intitulado “Partidos portugueses de esquerda próximos de um acordo de coligação pró-euro”, o Financial Times escreve que o líder socialista, António Costa, está em vias de formar um governo antiausteridade apoiado pelo Bloco de Esquerda (BE), que apelidam de esquerda radical, e pelos comunistas da linha dura, através de um acordo “histórico” que garantiria o empenho de Portugal em ficar no euro.
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Num artigo intitulado “Partidos portugueses de esquerda próximos de um acordo de coligação pró-euro”, o Financial Times escreve que o líder socialista, António Costa, está em vias de formar um governo antiausteridade apoiado pelo Bloco de Esquerda (BE), que apelidam de esquerda radical, e pelos comunistas da linha dura, através de um acordo “histórico” que garantiria o empenho de Portugal em ficar no euro.
Numa entrevista ao Financial Times, António Costa diz que tal coligação de esquerda respeitaria as regras da zona euro, mesmo incluindo o BE, próximo do Syriza, e o Partido Comunista Português, “antieuro”.
No artigo, lê-se ainda que a perspectiva de um governo apoiado por estes partidos de esquerda, que defendem, por exemplo, a reestruturação da dívida afectou as acções da banca e suscitou preocupações junto das agências de rating. António Costa garante, porém, que não há motivo para apreensão e que o PS é o partido mais pró-europeu em Portugal.
O socialista garante que, tendo em conta o “radicalismo” do actual Governo e as medidas “brutais” que o país sofreu, existe agora a possibilidade de reverter a austeridade sem pôr em causa as obrigações internacionais.
O líder do PS assegura ainda que não estão a fazer bluff, mas a agir de “boa-fé”. E diz também que as negociações com a esquerda estão a correr melhor, e estão mais avançadas, do que os encontros com a coligação Portugal à Frente. Porém, isso não quer dizer que afaste a possibilidade de ainda haver um entendimento com o líder da coligação de direita, Passos Coelho, mas “seria melhor ter um governo PS”, apoiado por uma ampla coligação de esquerda, disse. Com os socialistas na liderança, Portugal manteria a política em relação ao Tratado Orçamental, ao controlo do défice, à zona euro, e a reestruturação da dívida ficaria de fora.
As barreiras ideológicas que separaram os partidos de esquerda, desde 1974, foram finalmente superadas, acrescentou. “Isto é como derrubar os últimos restos de um muro de Berlim”, disse, frisando que não foi o PS que se mudou para o lado dos partidos anti-austeridade, mas sim estes que concordaram, pela primeira vez, em negociar um programa de governo comum sem pôr em risco os compromissos de Portugal enquanto membro da zona euro.
Costa diz ainda que as propostas apresentadas pela coligação de direita ao PS são insuficientes e não representam uma mudança de direcção no rumo das políticas até agora seguidas.
Um governo PS, sublinhou, defende medidas que ajudem Portugal a “sair do seu actual ciclo de empobrecimento”, tais como aumentar o salário mínimo e promover algum alívio fiscal.