EUA destacam grupos jihadistas como a maior ameaça à liberdade religiosa no mundo

Relatório anual sobre o panorama da liberdade religiosa no mundo refere campanha de "perseguição brutal" de grupos como o Estado Islâmico e o Boko Haram, e mostra preocupação com deriva anti-semita na Europa.

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A campanha de repressão e violência dos militantes do Estado Islâmico foi denunciada pelo Departamento de Estado no seu relatório anual sobre liberdade religiosa no mundo REUTERS/Stringer

A campanha de repressão e violência religiosa dos jihadistas do Estado Islâmico, responsáveis pela “perseguição brutal” das minorias cristãs no Iraque e na Síria, bem como a acção de outros grupos islamistas radicais, como por exemplo o Boko Haram, representam a maior ameaça à liberdade religiosa em África e no Médio Oriente, e constituem o principal desafio das autoridades em termos de garantia dos direitos e práticas religiosas dessas populações, diz o relatório anual sobre o panorama da liberdade religiosa no mundo, elaborado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.

O documento, divulgado esta quarta-feira em Washington, destaca como principal desenvolvimento a preponderância de actores ou agentes “não-estatais”, entre os quais organizações terroristas, que “cometeram alguns dos mais infames abusos à liberdade religiosa e outros direitos humanos”, em regiões como o Médio Oriente, África e Ásia. O objectivo desses grupos e organizações, nota-se, é a “destruição da diversidade religiosa”.

Em especial, o Departamento de Estado denuncia a ameaça representada pelos militantes do Estado Islâmico, que, nos territórios sírios e iraquianos que dominam e reclamam como o seu califado, levaram a cabo uma campanha de terror e repressão, forçando comunidades cristãs à conversão ao islão, e ao rapto, escravização, venda e violação de milhares de mulheres e crianças com base na sua fé religiosa.

Naqueles dois países também se verificaram assassínios de clérigos drusos e frades católicos por membros da Al-Qaeda, ou actos de tortura e execuções sumárias de sunitas por milícias xiitas, assinala o documento.

Na Nigéria, os militantes do Boko Haram mataram mais gente em 2014 do que nos anteriores cinco anos combinados, em ataques contra igrejas e mesquitas, mercados e aldeias. E na Ásia, a minoria de muçulmanos rohingya continuou a ser vítima de confiscação de bens e propriedades pelas autoridades da Birmânia/Myanmar, e a enfrentar a oposição e boicote de monges budistas.

No mesmo relatório, que se refere à situação no mundo no ano de 2014, os EUA manifestam a sua extrema preocupação com a sucessão de episódios do cariz anti-semita em países europeus como a Alemanha e a França. “Testemunhamos uma vaga de sentimentos anti-Israel que raiam a linha do anti-semitismo”, lê-se no documento, que aponta para um aumento dos casos de vandalismo em sinagogas e critica as palavras de ódio contra os judeus e o Estado hebraico repetidas em manifestações de rua após a ofensiva das Forças de Defesa israelitas sobre a Faixa de Gaza.

Além disso, os Estados Unidos constataram a “continuação de muitas políticas governamentais restritivas que afectam a liberdade religiosa, incluindo leis que criminalizam expressões e actividades religiosas, a blasfémia, apostasia e o proselitismo, ou ainda a proibição de conversões”. O relatório menciona casos de condenação à morte no Paquistão por violação das leis da blasfémia e penas de prisão e chicotadas aplicadas pela Arábia Saudita por alegados “insultos ao islão”, e recorda ainda a intervenção internacional que permitiu salvar a vida de uma mulher muçulmana que seria enforcada por casar com um homem católico no Sudão.

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