Overdose: o estado da arte

É uma bateria apontada aos centros neuro-sensoriais do espectador, que paradoxalmente não lhe dá nada para ver entre tudo o que lhe atira para os olhos.

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A invenção de uma “prequela”, apócrifa, para as aventuras de Peter Pan. Representa, sobretudo, o “estado da arte” no cinema de entretenimento hollywoodiano em 2015: uma confusão que ninguém se entende. A “confusão”, de resto, está no centro do filme, com as suas divagações por épocas reconstituídas de forma mais ou menos indeterminada (dos tempos dickensianos aos meados do século XX) e a fantasia da Terra do Nunca. Até podia ter graça, no papel. Mas o filme que Joe Wright faz é outro tipo de confusão: a overdose de efeitos especiais e CGI, as sobreposições de referências (em certos momentos como um Baz Luhrmann ainda mais alucinado), tomadas como substituto de um trabalho de dramaturgia e de um verdadeiro interesse pelas coisas – e pelas pessoas – que tem para filmar. É um bateria apontada aos centros neuro-sensoriais do espectador, um estímulo constante, que paradoxalmente não lhe dá nada para ver entre tudo o que lhe atira para os olhos. Terrivelmente maçador, ao pé dele o Hook de Spielberg é uma obra-prima.

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