Cartas de amor

Um retrato impressionista de uma figura influente da cinefilia nacional.

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Quem vier a Outros Amarão as Coisas que Eu Amei à espera de um documentário “tradicional” sobre a figura marcante da cinefilia nacional que foi João Bénard da Costa que tire o cavalinho da chuva. O que Manuel Mozos fez, apesar de vagamente cronológico, não é uma biografia, antes uma delicada fantasmagoria ensaísta, uma evocação de uma personalidade e de uma mundivisão da arte e da vida.

É um filme absolutamente extraordinário no modo como articula todos os elementos do cinema para criar um retrato de pessoa, ao ponto de quase parecer um filme “de” Bénard da Costa mais do que um filme “sobre” Bénard da Costa – uma carta de amor não apenas a uma figura mas sobretudo a um modo de olhar o cinema. Mas, por isso mesmo, e apesar da infinita sinceridade e amor com que foi feito, a pergunta nunca é realmente respondida: Outros Amarão as Coisas que Eu Amei é um filme sobre o passado da cinefilia, ou um filme para o futuro da cinefilia?

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