GOLFTATTOO – Seres profissional de golfe era um sonho antigo?

JOÃO RAMOS – Não diria que era um sonho, mas sim um objectivo. Desde que comecei a jogar em 2009 percebi que o meu futuro passava pelo golfe, acabei os meus estudos e dediquei-me a 100 por cento ao golfe e tenho vindo a trabalhar para alcançar este objectivo.

Esta é a altura certa?

Na minha opinião não há alturas certas ou erradas, temos de fazê-lo quando nos sentimos preparados e à altura do desafio. Eu tenho vindo a trabalhar para isso e portanto chegou o momento.

Aconselhaste-te com alguém em especial?

Com várias pessoas, mas principalmente com o meu pai e com o presidente da PGA de Portugal, José Correia, ambos me têm aconselhado e ajudado nesta fase de transição. O Tiago Cruz e Hugo Santos amigos e agora colegas, também me têm aconselhado, visto que têm muita experiência e por isso são também uma ajuda fundamental.

"Todos estes anos foram de aprendizagem", diz © FILIPE GUERRA

Poderias ter jogado a Taça Federação no final de Setembro e não o fizeste. Recordo-me que o Miguel Gaspar se tornou profissional depois de ter vencido esta competição, um dos dois majors do golfe amador português. Não sentiste a tentação de conquistar um grande torneio na despedida de amador?

Eu como disse tenho vindo a trabalhar para alcançar este objetivo de me tornar profissional e todas as decisões que tomei este ano foram baseadas nisso, daí ter tido preferência pelos torneios da PGA de Portugal, que me ajudaram muito a melhorar o meu jogo. 

Pedro Figueiredo, Ricardo Melo Gouveia, Gonçalo Pinto e João Carlota são alguns dos jogadores portugueses que se tornaram profissionais recentemente. O facto de não teres tido um palmarés amador tão notório como eles não te atemoriza? Estou aqui a lembrar-me do Campeonato Nacional Absoluto, em que tens como melhores marcas dois nonos lugares, em 2014 e 2015… 

Eu comecei a jogar com 15 anos e por isso todos estes anos foram uma aprendizagem para mim, serviram para ganhar experiência e chegar a um bom nível. Se estivermos a jogar a um bom nível os resultados aparecem mais cedo ou mais tarde. 

Não deixaste porém de demonstrar que és capaz de jogar muito abaixo, estou a recordar-me daquele 65 para forçar o play-off com Marcus Armitage, numa prova do Algarve Pro Golf Tour jogada em Castro Marim, em meados de Março; ou o duelo com João Carlota, em Junho, no Liberty Seguros PGA Open, no Onyria Palmares, em que perdeste por uma pancada somando 8 abaixo nos 36 buracos de jogo… 

Sim, como disse anteriormente é uma questão de tempo, se nos empenharmos em dar o nosso melhor no treino diário os resultados as vitórias e o sucesso aparecem. 

Jogaste na semana passada uma das provas da Primeira Fase da Escola de Qualificação do European Tour, a única que se joga em Portugal, mais concretamente em Ribagolfe. Eram 98 jogadores e só os 22 primeiros e empatados se apuravam para a Segunda Fase. Começaste com duas voltas de 72 (par), mas as outras duas foram de 76-75, pelo que acabaste em 64.º. A tua eliminação muda alguma coisa nos planos a curto prazo? 

Era uma prova importante, sem dúvida, mas é só o começo, muitas provas virão em breve e oportunidades para lá chegar certamente também. 

Passas a profissional numa altura em que nunca houve tanta competição em Portugal, pois temos hoje um dinâmico PGA Portugal Tour e também o Algarve Pro Golf Tour. Contas competir em ambos? E tens planeado jogar torneios lá fora? Sei que vais agora para um torneio na Bulgária… que torneio é esse? 

Sim, a PGA de Portugal tem feito um trabalho muito bom, criaram competição em Portugal e deram a oportunidade a todos nós de competir várias vezes ao longo do ano, quer com o PGA Portugal Tour quer com o Algarve Pro Golf Tour. Eu tenho competido em ambos e tenciono continuar. A minha estreia será já na próxima semana na Bulgária no UniCredit PGA Professional Championship of Europe, foi um convite da PGA de Portugal e irei com o Hugo Santos e e Francisco Matos. 

Quem são os teus patrocinadores? E quem vai gerir a tua carreira? Enfim, fala-nos da equipa que existe em teu redor… 

Os meus pais têm e vão continuar a ter um papel muito importante na minha carreira, ajudam-me a tomar as melhores decisões e juntamente com o meu treinador, o Luís Barroso, formamos uma grande equipa. Tenho também algumas pessoas a tratar da parte de publicidade e comunicação e em breve terei também o apoio da Wilson Staff. 

Quais são os teus objectivos como jogador profissional de golfe? 

Nesta primeira fase vou jogar o máximo de torneios possíveis e tentar ter acesso a alguns torneios para chegar ao European Tour. 

Ao longo destes anos jogaste sempre com a camisola do clube de Oitavos Dunes, em Cascais. De alguma forma vai manter-se o relacionamento? 

Sim claro, este é e vai ser sempre o meu clube, é um campo fantástico e quem sabe num futuro breve possamos vir a ter uma relação ainda mais estreita. 

Quem foram as pessoas mais importantes para ti na tua carreira golfística até ao momento? 

As pessoas mais importantes para mim são sem dúvida a minha família, que me apoia incondicionalmente, os meus amigos e todos os treinadores que tive, desde o Luis Cameira até ao Luis Barroso. Todos são importantes e ajudaram-me a chegar até aqui. 

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