Janet Jackson: zoom out

Nunca esteve verdadeiramente preparada para o seu close up.

Foto
Nunca verdadeiramente preparada para o seu close up DR

Também isso justifica a prolongada ausência dos discos, após a edição em 2008 de Discipline. Isso e, naturalmente, a morte de Michael no ano seguinte. Mas ouvindo Unbreakable, duas certezas se impõem: a de que Janet soará sempre a uma versão feminina e menor do irmão, sem a versatilidade e a capacidade de dar vida a canções que pareciam existir sobre brasas pop e funk num equilíbrio invejável e natural. É verdade que Scream, soberbo dueto entre os dois, foi um dos poucos momentos memoráveis de um Michael pós-Dangerous (1991). Mas aí Janet era convidada a habitar o mundo de Michael e não o contrário. A sua dependência é tão assumida e explícita, aliás, que Janet resgata o título Unbreakable do tema que abre o último álbum de estúdio do irmão, Invincible (2001).

Curiosamente, arrancando com duas das canções de excepção de Unbreakable, BURNITUP! e Dammn Baby, o álbum soa, imagine-se, ora colado a Missy Elliott (autora e convidada do primeiro tema), ora a Justin Timberlake a fazer de Michael Jackson (o motor do óptimo Futuresex/Lovesounds). Como se a mão de Timberlake continuasse a assombrar a sua vida. Esse registo é, afinal, uma promessa de disco que Janet desbarata a partir daí, com mais um par de temas que a mantém à tona (The Great Forever e o excelente Night) mas que depois se torna mole, pífio, estafado e estafante. Prolongado por 19 temas, vai ficando cada vez mais adormecido e a meio já não sabe onde enfiou o fôlego inicial.

Sete anos para quatro canções que salvam Janet Jackson da irrelevância total é pouco. Demasiado pouco. Mas talvez Unbreakable esteja apenas em linha com um percurso em que Janet nunca esteve realmente preparada para o seu close up.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários