Costa pede “condições para governar” contra “fábricas de produtos manhosos”

Líder do PS participou em videoconferência com seis jovens qualificados que emigraram por falta de trabalho em Portugal.

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Fotos Paulo Pimenta
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João Cravinho teve uma quebra de tensão e acabou por não discursar

Depois do testemunho de seis licenciados a trabalhar fora do país, por videoconferência, realizado num centro cultural em Guimarães, António Costa pediu uma vitória para construir um “país com futuro” que se distanciasse da “economia do passado”. Foi essa a imagem que colou ao actual Governo, num almoço posterior em Braga, onde denunciou a coligação de direita como uma força “dirigida por uma geração de conservadores e ultra-liberais radicais”.

Este domingo, o candidato carregou assim no tom do apelo, sublinhando o imperativo dos eleitores compreenderem a utilidade do seu voto. “Não basta correr com este Governo, é necessário termos outro Governo e para que esse Governo possa existir, possa executar o seu programa, possa cumprir a ambição que temos. É um Governo que tem que ter condições para governar”, disse, antes de avisar que não haveria uma “2ª oportunidade” para o fazer.

Momentos antes explicara para que pretendia essa maioria. A “ambição” era ultrapassar a “economia do passado onde os miúdos eram tirados da escola para ir para a fábrica e para o trabalho infantil”.  E que assim permitisse a estes “fazer todo processo educativo”, tornarem-se “doutorados e pós-doutorados”, indo então “para a fábrica, mas levando conhecimento acrescido que não fizesse com que a fábrica continuasse a produzir produtos manhosos à custa do trabalho infantil, mas produtos de alta qualidade e valor acrescentado”.

A ambição da Juventude Socialista, com o fórum realizado, era também mostrar as caras dessa geração qualificada. À partida, era um conceito com potencial. Que perdeu algum impacto devido a algumas das intervenções demasiado coladas ao discurso do PS.

Como foi o caso de Hugo Almeida, de 31 anos. Em vez de focar no impacto que tinha tido a sua emigração para Londres, gastou boa parte da chamada por Skype a debitar chavões da campanha socialista. “Eu confio em António Costa e no dia 4 vamos todos votar”, disse, como qualquer jota socialista diria se ali estivesse.

Manuel Carvalho até teve algumas tiradas bem conseguidas para tentar desmontar os números do Governo sobre a economia do país. Mas foi longe demais, na colagem ao PS, quando se atirou a outros números. “Depois de ver as imagens de ontem, de António Costa no comício do Porto, acho que alguma coisa está errada nestas sondagens”, disse para satisfação da assistência vestida de t-shirts vermelhas da JS.

Mas também houve testemunhos que soaram mais pessoais. O professor de Educação Física, Emanuel Silva, a partir de Nottingham (Reino Unido), criticou o Governo e elogiou o sistema de educação inglês por ser “mais descentralizado” e capaz de lidar com profissionais incompetentes: “Os professores que não têm qualidade são despedidos.”

A farmacêutica Ana Rita Vargas, por seu turno, arrancou logo a ligação a dizer que não tinha “afiliações políticas”. Explicou que estava na Suíça porque a dada altura se viu a ganhar “menos que uma empregada doméstica”, devido à redução dos preços nos medicamentos forçada pela imposição do Governo em  relação às margens de lucro das farmácias.

Intervenções duras para o Governo, mas sem apelar ao voto no PS, parecendo, portanto, mais genuínas. O problema seria o que pensariam os professores ou os reformados – alvos prioritários do esforço de campanha socialista – se ouvissem aquelas defesas da liberalização do despedimento na função pública ou do aumento do preço dos remédios.

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