BE avisa Passos: nesta quarta vai ter de prestar contas por “gigantesco buraco no défice”

O PS não ficou fora das críticas de Catarina Martins, para quem neste “gigantesco buraco da dívida” cabem PSD, CDS e PS. Marisa Matias apelou ao voto dos lesados do PSD a 4 de Outubro, “dia nacional da cobrança”.

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Catarina Martins quis esvaziar a polémica Miguel Manso

Em causa estão os números do défice que o Instituto Nacional de Estatística vai divulgar e que já incluem os efeitos do Novo Banco. Para a porta-voz do Bloco, esteja ele “à mostra” ou “escondido com favores da União Europeia”, o que se vai ficar a saber nesta quarta-feira é que, “depois de tudo o que foi feito, o défice de 2014 é igual ao de 2011.”

Antes de introduzir o tema em relação ao qual Passos vai ter prestar contas, o Bloco não poupou, como sempre, na ironia: “Não estou a falar das contas que [Passos Coelho] se esqueceu de pagar à Segurança Social. Nem das falsas formações da Tecnoforma e das contas que tem de prestar aos fundos europeus. Não estou sequer a falar da prestação de contas que tem de fazer por lapsos como dizer que está a pagar dívida antecipadamente no mesmo dia em que se sabe que Portugal tem a maior dívida de sempre”, começou por dizer Catarina Martins num comício nesta terça-feira à noite.

Nestes quatro anos, disse ainda mais tarde, o que o líder do PSD e o do CDS, Paulo Portas, andaram a fazer foi “empobrecer o país” – “assaltar” salários, pensões, empregos, a escola pública, o Serviço Nacional de Saúde. Para tudo isto, frisou, não podiam aumentar o défice; na questão do Novo Banco já podiam.

“Depois de tanto corte, tanto sacrifício”, acrescentou, Passos Coelho vai ter de “prestar contas pelo que andou a fazer”. Devo-o, diz, a todos os portugueses: “É que hoje em Portugal somos todos lesados do BES”, afirmou num discurso acalorado.

O PS não ficou fora das críticas de Catarina Martins, para quem neste “gigantesco buraco da dívida” cabem PSD, CDS, mas também PS. Apontou o dedo aos socialistas por não dizerem “uma palavra sobre a dívida”, essa “bomba-relógio que criaram sobre as nossas vidas”. O PS, argumentou, “continuará inevitavelmente a cavar” este “buraco” criado pelo PSD e CDS.

A oportunidade para voltar a desmontar o apelo ao voto útil estava criada. Embora tendo já dito que estava disponível para entendimentos com o PS caso este cedesse em alguns temas, os discursos de Catarina Martins têm tentado sempre desconstruir a mensagem do voto útil. A ideia que a porta-voz tenta passar é a de que, no dia das eleições, não há só duas escolhas – entre continuar “como está” ou “continuar como está mas com gente diferente”. Há o Bloco, que promete “fazer a diferença”.

Os “lesados do papel eleitoral do PSD”
Antes, a eurodeputada Marisa Matias tinha já usado o sentimento de injustiça dos lesados do BES para falar do que podem sentir os portugueses que votaram à direita nas últimas eleições. São, disse, “os lesados do PSD”, os que depositaram esperança neste partido e que viram as suas expectativas goradas.

Agora, ironizou, a coligação de direita apresenta-se com “um novo produto” em que se pode “confiar”, “desta vez podem levar a sério”. “Não é verdade”, alertou Marisa Matias, dirigindo-se a todos os “lesados do papel eleitoral do PSD”. E apelou para que não façam a vontade ao PSD e CDS e não fiquem em casa a 4 de Outubro: neste dia têm a quem recorrer, ao Bloco que “combateu desde a primeira hora as troikas que esmagaram todos e não apenas aqueles que confiaram o seu papel ao PSD e CDS”. Vai ser “o dia nacional da cobrança”, àqueles que não pagaram subsídios de férias, que reduziram salários, cortaram no Serviço Nacional de Saúde, na escola pública.

No discurso que fez, Marisa Matias abordou ainda a crise humanitária dos refugiados. Falou “rosto da nossa vergonha” e lamentou que os líderes europeus não estejam a conseguir dar respostas à altura.

E se a direita tem sistematicamente atacado a esquerda com a questão grega, Marisa Matias contra-atacou com a Hungria: “O que se passa na Hungria é inaceitável”, disse, frisando que o primeiro-ministro Viktor Orbán “é da mesma família política que o Sr. Passos Coelho e o Sr. Paulo Portas”. Quando se tratou de “humilhar” o governo grego, os líderes europeus nem dormiram em reuniões, mas agora falta-lhes “vontade política” para responder a esta crise humanitária. “Não se pode tratar pessoas como animais”, sublinhou. “Isso não é a nossa Europa.”

 

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