Encontros da Imagem de Braga celebram a sua veterania
A 25ª edição do festival começa esta quarta-feira. O circuito inaugural prolonga-se até ao fim de semana.
Na programação deste ano, o regresso a Braga de Roger Ballen, assinala a celebração dessa memória histórica. Mas o festival que arranca esta quarta-feira, não está preso ao passado. São o presente e o futuro quem assume o protagonismo numa edição sob o signo do Poder e Ilusão.
A data “marcante” levou a que a preparação da abertura fosse feita com um “entusiasmo acrescido”, conta a directora dos Encontros da Imagem, Ângela Ferreira. Uma das escolhas especiais foi fazer voltar ao festival o norte-americano, radicado há 20 anos na África do Sul, Roger Ballen. Antes de se ter tornado um artista reconhecido a nível mundial, Ballen apresentou o seu trabalho numa das primeiras edições do festival. Desta feita, apresenta um universo surrealista no Museu da Imagem, com a série Asylum of the Birds, criada numa casa devoluta de Joanesburgo que é morada de indigentes e pássaros.
Curiosamente, uma das novidades da edição deste ano dos Encontros da Imagem é também uma casa abandonada. Chamam-lhe “Casa das Bombas” e é um palacete do século XIX, na rua do Souto, o eixo do centro histórico da cidade, que estava devoluto. O festival vai reabrir esse espaço para receber uma das suas exposições colectivas, Seeing is Believing, uma selecção de trabalhos de 12 fotógrafos.
Estes trabalhos, como, de resto, a generalidade do programa do festival, jogam-se numa tensão permanente entre presente e futuro, o real e a ficção, seguindo o mote Poder e Ilusão dos Encontros da Imagem de 2015. O tema foi escolhido tendo em conta a proximidade das eleições Legislativas em Portugal e o momento político conturbado na Europa. “Se calhar nunca se viveu tanta cegueira em termos políticos. As pessoas apenas têm uma consciência fragmentada do que está a acontecer”, considera Ângela Ferreira.
Esta edição do festival de fotografia de Braga dá esse contributo para a leitura do real, ganhando, neste contexto, especial relevo o trabalho de Carlos Spottorno The Pigs, uma série documental fotografada em Portugal, Espanha, Itália e Grécia, os países da Europa do Sul.
O lado documental da fotografia não é, porém, o único explorado pela programação do festival deste ano. São várias as propostas de trabalhos na fronteira entre o real e a ficção como This is What Hatred Did de Cristina de Midel, uma série fotografada na Nigéria a partir de um livro do escritor Amos Tutuola, ou Mybe, onde o Phil Toledano se imagina noutras vidas diferentes da sua.
A 25ª edição do festival começa esta quarta-feira (e prolonga-se até 1 de Novembro) com a inauguração da exposição Illusion Lab of Happiness (18h, no Mosteiro de Tibães), que reúne os trabalhos de 18 artistas. A selecção resulta de uma call feita pelos Encontros da Imagem para que fotógrafos emergentes ou já com algum trabalho editado pudessem mostra as suas visões sobre o tema da edição deste ano.
O circuito inaugural prolonga-se, este ano, pelos três dias seguintes. Na quinta-feira abrem as exposições na B* Concept Store (Carlos Sporttorno) e Spaceship Gallery e Casa das Bombas (vários autores). Sexta-feira é o dia de celebração com um concerto da banda bracarense Ermo e projecções de trabalhos fotográficos (GNRation, 23h), seguido da festa de aniversário. Para sábado está reservada a maioria das inaugurações, principiando às 14h30, no Museu D. Diogo de Sousa (Colectivo e Berto Macial e José Romay), e culminando com a Gala EI Awards, onde será entregue o prémio do concurso fotográfico associado ao festival.