No antigo Convento do Desagravo nasceu uma escola “de excelência”

Câmara de Lisboa assinalou início do ano lectivo com inauguração da Escola Básica do Convento do Desagravo, após obras no valor de 3,8 milhões. Quase 400 crianças têm agora mais espaço para aprender.

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Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, pousou sorridente para a fotografia de grupo com os alunos da nova escola Patrícia Martins
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Bruno Lisita
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"Não há melhor forma de abrirmos um ano lectivo do que vermos um exemplo da excelência da nossa escola pública", declarou o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, na inauguração da Escola Básica Convento do Desagravo, um dos cinco estabelecimentos requalificados ao abrigo do Programa Escola Nova cujas placas o autarca irá descerrar nos próximos dias. Lançado em 2008 ainda pelo ex-presidente do município, António Costa, o programa prevê 111 intervenções com um custo estimado de 102 milhões de euros, tendo já sido gastos 40 milhões.

A excelência da nova escola, que substituiu cinco estabelecimentos nas freguesias de Santa Maria Maior e de São Vicente, é visível antes de mais nas instalações. "Este é um exemplo raro de uma construção que transformou um local secular, que estava degradado, num exemplo da modernidade das construções escolares", sublinhou Medina. As obras, iniciadas em Outubro de 2013 e concluídas em Julho deste ano - depois de algumas alterações ao projecto inicial e de paragens forçadas devido à descoberta de uma cisterna romana dentro do convento - custaram 3,8 milhões de euros, financiados com verbas do Programa de Investimentos Prioritários em Acções de Reabilitação Urbana (PIPARU).

O antigo convento setecentista, que pertencia à Ordem dos Frades Menores, foi desactivado em 1901 e transitou depois para a Fazenda Nacional. Desde então, teve vários usos e sofreu alterações, tendo encerrado por volta de 2007 quando fechou o colégio da Casa Pia que ali funcionava.

Os arquitectos responsáveis pelo projecto de requalificação conseguiram manter elementos originais como as escadas interiores de pedra, painéis de azulejos, o claustro com um pequeno lago e uma sala com tecto abobadado e pinturas. No edifício de dois pisos coexistem salas de aula de grandes dimensões e pequenas salas temáticas, como a sala de expressão dramática, de cinema ou de apoio a crianças com necessidades especiais. No segundo piso, uma biblioteca com janelas viradas para o rio convida as crianças a ler ou a usar os computadores.

Os alunos do primeiro ciclo do ensino básico e os do jardim-de-infância, eufóricos neste primeiro dia de aulas, utilizam áreas independentes. Mas cruzam-se na cantina, onde o chef Nuno Queiroz Ribeiro conduz o projecto-piloto das "Refeições Escolares Saudáveis - TRINCA uma melhor alimentação", cujo objectivo é oferecer às crianças refeições saudáveis confeccionadas na escola por funcionários municipais (e não com recurso a empresas externas, como é prática comum) com produtos nacionais. A vereadora da Educação, Graça Fonseca, explica que o objectivo é, no futuro, alargar este projecto a todas as escolas básicas do município.

"Era um sonho que tinha há dez anos, o de conseguir entrar nas escolas e provar que é possível comer comida saudável mas cheia de sabor e que as crianças conseguem comer os espinafres num bechamel, por exemplo", disse o chef, admitindo porém que os "clientes" não são fáceis de convencer. Basta uma sondagem rápida no recreio para confirmar que as opiniões se dividem, não só em relação à lasanha de peixe do almoço, mas também no que toca à primeira impressão sobre a escola. "Gostava mais da anterior, a Marqueses de Távora, era mais pequenina", lamenta Adriana, olhos azul-céu e cabelo de ouro, aluna do 1.º ciclo. Já a amiga Sara está a gostar do espaço.

Fernando Medina elogiou também a "qualidade do projecto educativo", levado a cabo por 17 professores (para 13 turmas do 1.º ciclo) e três educadoras. O corpo docente transitou dos estabelecimentos agora desactivados, aos quais faltavam já "condições de funcionalidade", segundo o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho.

A nova escola dispõe também da Componente de Apoio à Família (CAF), prestada pela junta, e oferece o pequeno-almoço mais cedo para que todas as crianças, sobretudo as que vêm de famílias mais carenciadas, possam ter uma alimentação plena. "Esta escola tem meninos de mais de 30 nacionalidades diferentes e serve freguesias com uma grande diversidade cultural e social, o que torna o processo de aprendizagem num desafio extraordinário", sublinhou o autarca.

Depois da Escola Básica do Convento do Desagravo, as próximas inaugurações são na Escola Básica Sarah Afonso (terça-feira), na Escola Básica dos Lóios (quarta-feira) e no Jardim de Infância de Belém (quinta-feira).

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