Arte urbana: as paredes de Lagos estão "menos deprimentes"

O objectivo é "dar mais cor a espaços abandonados e deprimentes da cidade e, ao mesmo tempo, mostrar o trabalho de novos artistas nacionais e estrangeiros"

Edifícios e muros devolutos da cidade de Lagos, no Algarve, estão a ganhar "nova vida" com mega pinturas, pela mão de cinco artistas participantes na quinta edição da ARTURb, o único evento de arte urbana que decorre no distrito.

Iniciativa do Laboratório de Atividades Criativas (LAC) de Lagos, o projecto ARTURb decorre em ambiente de residência artística ao longo de duas semanas e em duas fases: a pintura das paredes dos imóveis e muros, e uma exposição nas instalações da associação, na antiga cadeia de Lagos, desde este sábado.

"O projecto pretende dar mais cor a espaços abandonados e deprimentes da cidade e, ao mesmo tempo, mostrar o trabalho de novos artistas nacionais e estrangeiros, especialistas em arte urbana e com técnicas diferentes", disse à agência Lusa o director do LAC, Nuno Pereira.

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Mr. Woodland

Segundo o responsável, para a edição deste ano, a quinta consecutiva, foram convidados cinco artistas, a quem foi concedida liberdade criativa para a realização das mega pinturas, algumas com cerca de 40 metros de altura, que dão cor a diversos espaços devolutos um pouco por toda a cidade, em zonas autorizadas pelas autoridades.

Nos trabalhos são utilizadas diversas técnicas, entre as quais a pintura e a colagem, sendo necessário o recurso a gruas e elevadores nas obras de maior dimensão nas fachadas e paredes dos edifícios, o que dificulta a execução pelos autores. "Há uma dificuldade acrescida nas obras de grande dimensão, mas o facto de não ser proposto nenhum tema, facilita o trabalho, permitindo aos artistas uma maior liberdade de imaginação e criatividade", sublinhou Nuno Pereira.

De acordo com o director do LAC, as mega pinturas "têm já maior aceitação por parte das pessoas, ao contrário do que sucedeu na fase inicial do projecto, em que criticavam e não viam com agrado este tipo de arte". "No primeiro ano em que realizámos o evento, deparámo-nos com alguma resistência, porque era algo desconhecido e as pessoas olhavam para esta arte com alguma desconfiança", frisou Nuno Pereira, acrescentando que "hoje o conceito é diferente, e todos consideram a iniciativa importante na valorização de espaços devolutos".

Segundo Nuno Pereira, "brevemente, vai ser elaborado um roteiro pelas pinturas que estão espalhadas pela cidade, de forma a dinamizar um nicho de mercado que tem registado um aumento na procura". Por seu turno, Pedro Campiche, um dos artistas participantes, disse à reportagem da Lusa que "este tipo de iniciativas abre as portas, não só aos artistas para explorarem a arte urbana, mas também a uma nova visão deste tipo de trabalho".

"Portugal está a transformar-se num dos países mais importantes desta arte, porque há mais paredes, há mais liberdade, o que faz com que artistas de renome sejam atraídos para realizarem trabalhos", destacou Pedro Campiche. O artista que assina como Aka Corleone considera que o projecto tal como está concebido, "ao não ter um tema predefinido, valoriza os artistas, o que se reflecte na qualidade dos trabalhos finais". O projeto ARTURb, pioneiro na região do Algarve, está autorizado pelas autoridades policiais e tem como parceiro o município de Lagos.