Aluno quis mostrar relógio que fez e foi tomado por bombista

O pai, originário do Sudão, disse que o filho foi maltratado devido ao nome e “por causa do 11 de Setembro”.

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Imagem retirada da conta de Twitter de um amigo da família de Ahmed DR

O relógio que Ahmed Mohamed, aluno da MacArthur High School, em Irving, mostrou ao professor de iniciação à engenharia, na segunda-feira de manhã, foi mais tarde confundido com uma bomba pela professora de inglês, que alertou a direcção, a qual chamou a polícia.

Ahmed foi suspenso por três dias e poderá, segundo o Dallas Morning News, ser acusado de fabrico de falsa bomba. Porque, apesar de achar que o artefacto que fez não é perigoso, a polícia desconfia da história.

O adolescente disse ao jornal que adora engenharia e quis mostrar o que conseguia fazer na escola, para onde se mudou recentemente.

Nem o próprio Presidente, Barack Obama, ficou indiferente ao caso e no Twitter deixou uma mensagem a convidar o jovem para visitar a Casa Branca.

O relógio que fez consta de uma placa de um circuito com fios ligados a um mostrador digital – coisa que montou em 20 minutos no domingo, antes de se deitar, explicou.

Contou que o professor a quem o mostrou  lhe deu os parabéns, mas o aconselhou a “não [o] mostrar a qualquer dos outros professores”. Foi o que fez. Guardou a sua criação na mala.

O problema surgiu quando, na aula de inglês, o objecto começou a apitar. Teve de o mostrar à professora, a quem “pareceu uma bomba”, disse o adolescente. A docente ficou com o relógio.

Mais tarde, o rapaz foi interrogado por directores da escola e por quatro agentes da polícia. Algemado, levaram-no para um centro de detenção juvenil e tiraram-lhe as impressões digitais. Mas não ficou detido.

Ahmed repetiu sempre que tinha apenas construído um relógio.  Mas poderá, segundo o Dallas Morning News, ser acusado de fabrico de falsa bomba. Porque apesar de achar que o artefacto que fez não é perigoso a polícia acha que Ahmed não está a contar a história toda.

“Ele manteve que é um relógio, mas não deu mais explicações”, disse o porta-voz da polícia local, James McLellan. Questionado sobre que tipo de explicações poderia Ahmed dar, respondeu:  “Aquilo podia perfeitamente ser confundido com um engenho, se fosse deixado num casa de banho ou debaixo de um carro. A preocupação foi [procurar saber] para que é que aquilo foi construído.”

A escola não fez qualquer comentário sobre o caso, mas divulgou uma declaração em que diz que “pede sempre aos seus estudantes e ao pessoal para informarem imediatamente se observarem algo de suspeito”.

Os pais de Ahmed acham que o episódio só aconteceu por causa da sua origem muçulmana. O pai, Mohamed Elhassan Mohamed, proveniente do Sudão, disse que o filho foi maltratado devido ao nome e “por causa do 11 de Setembro”.

O Conselho das Relações Americano-Islâmicas concorda. “Não haveria problema se ele não se chamasse Ahmed Mohamed. Ele é um miúdo vivo, brilhante, e quis partilhar [o que fez] com os professores”, disse Alia Salem.

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