Passos ao ataque: “Nós saímos do buraco da crise”
Coligação PSD/CDS-PP acusa socialistas de “gerarem desconfiança” e avisa lesados do GES que não vale a pena pressionar o Governo.
“Não estamos a lançar palavras ao vento, mas a mostrar factos da governação”, sublinhou Passos Coelho no lotado auditório da Junta de Freguesia de Espinho (PSD). A chuva alterou os planos da coligação. O contacto com a população e comerciantes na Rua 19 de Espinho foi desmarcado.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Não estamos a lançar palavras ao vento, mas a mostrar factos da governação”, sublinhou Passos Coelho no lotado auditório da Junta de Freguesia de Espinho (PSD). A chuva alterou os planos da coligação. O contacto com a população e comerciantes na Rua 19 de Espinho foi desmarcado.
A arruada não aconteceu, apostou-se num comício numa sala fechada, os telefonemas sucederam-se a dar conta da mudança de estratégia. O workshop de técnicas de modelismo que, nessa altura, decorria no auditório foi interrompido, mudado de repente para outra sala, para que a coligação ocupasse o local.
O PS entraria no discurso da coligação directa e indirectamente. Passos Coelho classificou de “embaraçosa” a forma como os socialistas querem associar o resgaste financeiro ao PSD. “Já há quatro anos quiseram responsabilizar a oposição pela desgraça económica e financeira”, lembrou. “Os últimos anos de governação não foram só anos de austeridade, a limpar a casa que nos deixaram, foram anos em que também preparámos o futuro do país”, referiu, fazendo questão de lembrar que nunca o “apoio social foi tão grande”. “Saímos do buraco da crise”. E a saúde foi puxada como exemplo. “Temos mais centros de saúde, mais consultas, melhor saúde, e isso não foi feito com os socialistas, foi feito connosco”.
O protesto dos lesados do GES em Braga, no dia anterior, ainda estava fresco. Em Braga, Passos escutou bem perto o descontentamento, prometeu ajuda e o presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial acusou-o de “desonestidade intelectual”. Em Espinho, o primeiro-ministro não comentou as críticas. Garantiu estar de “consciência tranquila”, avisou que não vale a pena pressionar o Governo e que não irá falar mais no assunto.
“Num Estado de Direito, as entidades que podem estabelecer quem foi de facto enganado ou não, tem direito ou não a ser indemnizado, são os reguladores dos tribunais”. “Num Estado de Direito não é ao primeiro-ministro ou ao Governo que compete fazer justiça, é aos tribunais porque é ao sistema judicial que cabe decidir, julgar o que é ou não justo”, disse.
Passos Coelho assegurou que não tem uma teoria conspirativa da política, quando questionado pelos jornalistas se os lesados do papel comercial do GES estariam a ser instrumentalizados nos protestos. “Não sou indiferente ao desespero das pessoas. O que julgo é que as coisas não têm de correr desta maneira porque, não sendo ao Governo que cabe fazer justiça e sim aos tribunais, é absolutamente infrutífero estar a querer fazer pressão junto do Governo que, como toda a gente sabe, não interfere na justiça”, acrescentou.
No segundo dia de pré-campanha, concentrado em vários concelhos do distrito de Aveiro, Paulo Portas acusou os “socialistas de gerarem desconfiança”, prometeu “moderação” dos impostos na próxima legislatura, e falou num país em crescimento. E até a chuva não foi esquecida. “Campanha molhada é campanha abençoada”.
Portas foi o primeiro a discursar, depois da abertura do líder parlamentar Luís Montenegro, e o PS esteve na ponta da língua, antes de apresentar um país em crescimento. “Recebemos um país cujo Estado estava falido e uma democracia governada por estrangeiros que os socialistas chamaram”, apontou.
Recordou o passado e falou no futuro. “As pessoas têm o pressentimento que o país caiu num grande buraco em 2011 e que em 2015 temos resultados económicos que permitem dar esperança no crescimento, na criação de emprego, no investimento, nas exportações”. Portas assegurou ainda, quando questionado pelos jornalistas, que a primeira campanha conjunta PSD/CDS-PP está a “correr lindamente”.