Passos disposto a criar subscrição pública para ajudar lesados do BES a ir a tribunal

Líderes da coligação recebidos com protesto em Braga. Entre manifestantes estavam antigos clientes do BES que exigiram o apoio do Governo.

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Miguel Madeira

A recepção a Passos Coelho e a Paulo Portas no mercado municipal de Braga foi marcada por palavras de ordem, muitos empurrões e movimentações de cerco aos dois membros do governo e líderes da coligação. Durante vários minutos, lesados do BES e alguns professores manifestaram-se contra o Governo, impedindo que a comitiva que acompanhava Passos e Portas na acção de pré-campanha se conseguisse movimentar, levando o primeiro-ministro, por várias vezes, a apelar à calma.

Entre os manifestantes que abordaram Passos Coelho sobre a situação do Banco Espírito Santo (BES) esteve um antigo cliente do banco que afirmou não ter capacidade para recorrer à justiça sobre a responsabilidade na falência do Grupo Espírito Santo e do BES. "Se não têm dinheiro para ir lá, eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer ao tribunal", respondeu o chefe de Governo.

Em declarações proferidas após o protesto, Passos Coelho voltou a falar na questão, começando por afirmar que "existe sempre forma de o Estado garantir um recurso ao tribunal por parte de qualquer pessoa que não tenham rendimentos para ver fazer-se justiça no tribunal". "Ninguém pode ser impedido de ver fazer justiça em tribunal por falta de recursos financeiros. Se, por ventura, existir dificuldade em organizar essa defesa, tenho a certeza de que o país não deixará de uma forma solidária de providenciar o necessário para que essa defesa se possa fazer".

O líder da coligação falou depois em nome próprio. "Disse que seria até o primeiro subscritor e contribuinte, a título individual, não como primeiro-ministro, mas como cidadão, para ajudar pessoas que se encontram em grandes dificuldades a ir a tribunal", assegurou.

Passos Coelho já tinha sugerido aos lesados do BES que recorressem à justiça, durante o debate com o líder do PS, António Costa, na passada quarta-feira.

"Do meu ponto de vista, uma vez que os reguladores não se entendem, e eu tenho muita pena que eles não se entendam, acho que era importante que as pessoas não perdessem mais tempo e procurassem junto dos tribunais fazer valer as suas razões", afirmou na altura o primeiro-ministro.

Os líderes da coligação Portugal à Frente vão estar a partir deste sábado em acções de pré-campanha, começando pelos distritos de Braga e do Porto, com paragens em Barcelos e Póvoa de Varzim. O arranque do período oficial de campanha vai ser no distrito de Lisboa, a 20 de Setembro, e o encerramento também será na capital a 2 de Outubro.

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