Tecnoforma: MP pede que Poiares Maduro, Pacheco Pereira e Clara F. Alves não sejam julgados

Empresa apresentou acusação particular por crime de ofensa, mas o Ministério Público entende que não há indícios de crime.

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Poiares Maduro: “O Governo, quando decide qualquer medida, é porque entende ser constitucional" Miguel Manso

"O MP remete para o despacho que já proferiu e requer a não pronúncia dos arguidos", disse a procuradora do MP durante o debate instrutório, tendo a juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa marcado para a próxima sexta-feira a comunicação da sua decisão sobre a realização ou não de julgamento.

A instrução do processo foi requerida pelo ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, que tem a tutela da comunicação social, depois de a Tecnoforma ter deduzido acusação particular, que o MP não quis acompanhar por entender não haver indícios do crime de ofensa contra a empresa Tecnoforma, que no passado teve o actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, como colaborador.

Cristóvão Carvalho, advogado da Tecnoforma, manifestou-se inconformado com a posição do MP e leu em tribunal excertos dos comentários de Pacheco Pereira nos media e em blogues que, em sua opinião, prejudicaram a imagem e a credibilidade da Tecnoforma, empresa que, disse, em "30 anos não teve nenhuma condenação em processo civil ou penal".

"Ao abrigo do capote da informação diz-se o que se quer?", questionou o advogado, observando que a Tecnoforma esteve meses a fio a levar "pancada" porque o actual primeiro-ministro foi seu antigo colaborador.

Cristóvão Carvalho pediu a pronúncia de Pacheco Pereira e também de Clara Ferreira Alves e Poiares Maduro, estes dois últimos devido a uma entrevista da jornalista do Expresso em que o ministro-adjunto alegadamente "não se demarcou" das afirmações ofensivas quanto à Tecnoforma e até lhes deu "cobertura".

Ricardo Correia Afonso, advogado de Clara Ferreira Alves e de Pacheco Pereira, salientou que se o MP entende que não há indício de crime, o tribunal deve seguir esse entendimento e explicou que a entrevista da jornalista surgiu num "condicionalismo que é público" relacionado com várias notícias sobre a Tecnoforma publicadas no jornal PÚBLICO.

Alegou ainda que os seus constituintes estavam de "boa fé" quando proferiram as declarações e invocou o direito à liberdade de expressão consagrado na Convenção Europeia dos Direitos do Homem e na Constituição.

Francisco Teixeira da Mota, advogado de Poiares Maduro, invocou também a liberdade de expressão e lembrou que "as opiniões não são verdadeiras, nem falsas", pois os factos é que podem ser verdadeiros ou falsos, observando que não há crime e que este processo visou apenas "criar um facto político".

"As restrições à liberdade de expressão têm que ser mínimas para as pessoas não terem medo de falar", conclui o causídico.

Este processo-crime por ofensa a organismo, serviço ou pessoa colectiva está relacionado com o chamado caso Tecnoforma, que remonta a 2004 quando o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho era colaborador da Tecnoforma e Miguel Relvas, secretário de Estado da Administração Local.

Nesta qualidade, e de acordo com notícias divulgadas, Relvas terá facilitado a adjudicação à Tecnoforma de 1,2 milhões de euros para acções de formação direccionadas para funcionários de aeródromos, tendo o dinheiro saído do programa "Foral". Nada disto ficou provado, apesar de várias inspecções e investigações, segundo observou esta sexta-feira o advogado da Tecnoforma.