No debate visto por 3,5 milhões o combate ao desemprego foi o tema preferido
Curiosamente, o número dos espectadores do debate desta quarta-feira quase corresponde à soma de votos no PSD e no PS nas eleições de 2011.
E qual o tema que teve mais audiências? O combate ao desemprego e as propostas para políticas de emprego, tema que ocupou 15 dos 25 minutos que durou a primeira parte do debate.
De acordo com os dados da GfK analisados pela Marktest/MediaMonitor, o minuto com mais espectadores em simultâneo, no conjunto dos três canais de sinal aberto, foi o das 20h51, o último da primeira parte, em que Passos Coelho tentava explicar a João Adelino Faria (RTP1) como chega à conclusão de que o actual Governo criou 200 mil empregos na economia, enquanto o jornalista lhe lembrava os 480 mil postos de trabalho destruídos. Um pouco antes, quando o mesmo pivot insistia com António Costa para que dissesse quantos empregos se propõe ajudar a criar numa legislatura, e o líder do PS recusava cair nesse “erro” das promessas quantificadas, o debate estava a ser visto por 3,29 milhões de pessoas.
A primeira parte, de resto, andou quase sempre entre os 3,2 e 3,4 milhões. O primeiro tema lançado por Judite de Sousa (TVI), sobre política e confiança dos eleitores, em que se falou sobre o estado do país durante e depois dos anos da troika com os diagnósticos naturalmente opostos de Passos e Costa, foi o que teve, em média, menos interesse dos espectadores – mas mesmo assim sempre acima dos três milhões.
Outra conclusão que se pode tirar dessa evolução é que, quando António Costa estava a falar, a tendência era para um ligeiro aumento do número de espectadores, enquanto os minutos em que falou Pedro Passos Coelho mostram uma tendência de diminuição do público. Não são casos muito flagrantes, de grandes oscilações de público, mas em que de um minuto para o outro se ganham ou perdem 50 mil espectadores – bem mais do que a audiência total que Passos Coelho ou António Costa tiveram, por exemplo, nas recentes entrevistas que deram à CMTV.
No início da segunda parte, que durou uma hora, debateu-se a Segurança Social, o prometido corte de 600 milhões de euros em pensões, as fontes de financiamento alternativo, com a audiência quase sempre a subir, mostrando que o tema levanta preocupação no público. O interesse manteve-se elevado nos 20 minutos seguintes, quando o tema foi a carga fiscal – como a devolução da sobretaxa, dos cortes nos salários e pensões, o IRS, o IVA ou IRC – mas sempre com oscilações de público; assim como nos dez minutos dedicados à saúde – taxas moderadoras, reforma do SNS. Por ali andaram sucessivamente referências às políticas de José Sócrates e Costa até propôs que Passos fosse “lá a casa debater com ele”. A seguir falou-se do Novo Banco e as audiências subiram 50 mil.
O aproximar do fim do debate trouxe mais gente. O número de espectadores aumentou quando se falou sobre governabilidade e sobre se haverá entendimento pós-eleitoral entre os dois líderes ou se algum deles se demite se perder. O minuto mais visto foi o antepenúltimo, quando foram questionados sobre quem os seus partidos vão apoiar nas presidenciais. E baixou no último, quando foram questionados do que se arrependem no último ano. De nada.
De acordo com dados da Marktest/MediaMonitor, a SIC e a TVI ficaram empatadas no número médio de espectadores que viram o duelo naqueles canais: 1.239.552 cada. A que se somaram os 823.140 espectadores que seguiram o debate pela RTP1. Na lista dos programas mais vistos do dia, o debate transmitido pela SIC aparece em quinto lugar, o da TVI em sexto e o da RTP1 em 11.º - os primeiros lugares foram ocupados por novelas, tendo a mais vista 1,54 milhões de espectadores. Sem contar com o intervalo, o debate teve uma hora e 21 minutos de duração. O frente-a-frente mais visto de sempre desde que há medição de audiências fora entre Passos e Sócrates em 2011: 1,585 milhões de espectadores. Como curiosidade, diga-se que o número de anteontem é também quase a soma de votos do PSD e do PS nessas eleições (3,730 milhões).