Milhares fogem de cheias no Japão, que deixam cidade submersa
Em algumas áreas, caiu o dobro da chuva que normalmente cai durante todo o mês de Setembro em apenas duas horas.
O rio Kinugawa destruiu casas e carros e a água atingiu a altura de dois andares nesta cidade a cerca de 54 km de Tóquio, que já tinha sofrido inundações no dia anterior. Helicópteros salvaram pessoas encurraladas nos telhados das suas casas. Foram enviados soldados das forças de auto-defesa do Japão para Joso, para ajudar nas operações de salvamento.
“Nunca se viu o Kinugawa sair das suas margens”, disse à AFP Akira Yoshihara, um habitante de Joso com 53 anos. “A minha casa fica num ponto alto, mas temo que a água chegue lá esta noite.”
Ao fim do dia no Japão, pelo menos oito pessoas estavam desaparecidas e cerca de 200 precisavam de auxílio urgente, por estarem encurraladas pelas águas. Já tinham sido salvas 260 pessoas, a maioria das quais em Joso, diz a AFP.
Em algumas áreas, caiu o dobro da chuva que normalmente cai durante todo o mês de Setembro em apenas duas horas quando a tempestade tropical Etau passou pela principal ilha do arquipélago japonês. Na região de Joso, a chuva atingiu 60 centímetros de altura e o vento soprou a 125 km por hora.
As cheias transportaram também para o oceano água contaminada com radioactividade na zona da central nuclear de Fukushima, destruída pelo sismo e tsunami de 2011, segundo um porta-voz da empresa Tepco, citado pela AFP.
“Estas intempéries são de uma amplitude que nunca vimos e representam um perigo imediato”, avisou um representante da agência de meteorologia japonesa na televisão. Foram difundidos “alertas especiais” de "chuvas com probabilidade acontecerem apenas uma vez em cada 50 anos" para as regiões de Tochigi e Ibaraki, a Norte e Leste de Tóquio, onde vivem cerca de cinco milhões de pessoas. A certa altura, houve um alerta de evacuação para 800 mil pessoas, mas foi reduzido.
O Japão costuma sofrer cerca de 20 a 30 tufões ou tempestades tropicais todos os anos. A Etau foi a 18ª, diz a BBC. Mas o facto de o rio Kinugawa ter saído das suas margens foi uma surpresa. Há, de facto, a preocupação de que nos últimos anos estas tempestades se estão a tornar mais fortes, e de que seja preciso estar ainda mais preparado para estragos catastróficos – ainda que o Japão tenha um alto nível de preparação para catástrofes naturais.