Crítica
Cinema
Divas de subúrbio
Um filme que nunca deixa espaço para que apareça o risco, a ambiguidade, a traição à cartilha sociologicamente correcta.
As “raparigas”, e sobretudo a protagonista, Karidja Touré, são mais do que convincentes, e a insolência muito segura de si que, de um modo geral, todas exibem chega para afastar os esteréotipos e fazer delas personagens credíveis. É um filme inteligente — mas a inteligência em excesso costuma trazer também uma auto-consciência que nem sempre se manifesta da maneira mais positiva. É isso, finalmente, que limita este Bando de Raparigas: a sua absoluta irrepreensibilidade sociológica, que puxa e toca todos os temas inerentes (da condição económica à condição sexual), num olhar “exemplar” que nunca deixa espaço para que apareça o risco, a ambiguidade, a traição à cartilha sociologicamente correcta.