Empresa portuguesa cria sistema de identificação para refugiados na Grécia
Sistema inclui dados pessoais e protege portadores com cartões de identificação de alta segurança.
"Neste momento há milhares de refugiados que estão a entrar na Grécia e esta solução vai permitir tratar os dados pessoais das pessoas e protegê-los com cartões de identificação de alta segurança", explicou à agência Lusa Jorge Alcobia, director-geral da empresa criada em Portugal em 2002.
O objectivo é identificar estes refugiados com todos os dados pessoais básicos como o sexo, a idade, a nacionalidade e fotografia, e outros que estarão só disponíveis para as autoridades, como as impressões digitais e dados biométricos, de forma a não serem facilmente falsificados.
"Este cartão de residente estrangeiro tem a particularidade de funcionar como um título de viagem, uma espécie de passaporte que dá acesso aos países da União Europeia (UE), como o nosso cartão de cidadão", indicou o director-geral da empresa.
Com o sistema, a polícia pode pedir a confirmação da identidade do titular acedendo aos restantes dados pessoais através de uma ligação restrita do sistema chamada Single Point of Control (SPOC), que lhes dá acesso imediato, mas momentâneo, para evitar falsificações.
A empresa portuguesa - que nestes 13 anos de actividade esteve envolvida no sistema de criação do cartão do cidadão e passaporte electrónico - recebeu fundos da UE para iniciar o projecto na Grécia dentro de duas semanas.
"É um projecto que deverá durar seis meses, envolvendo muitas entidades oficiais do país", indicou o responsável, apontando que sofreu um atraso devido à instabilidade política vivida no país, mas deverá estar pronto em Fevereiro ou Março de 2016.
Jorge Alcobia sublinhou que, "além de controlar as entradas de cidadãos que, se não forem registados, não se sabe quem são e onde estão, o cartão dá acesso a uma vida normal no país, desde o emprego, entrada nos hospitais ou escolas". "É uma forma importante de prevenir situações de ilegalidade e marginalidade", sublinhou o responsável da Multicert, que está a negociar a criação de um sistema idêntico no Luxemburgo e em países vizinhos da Grécia, como a Bulgária.
O sistema já existe em Portugal, na Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, entre outros países, no âmbito de um projecto europeu ao qual a UE quer dar prioridade para controlar os fluxos e destinos do crescente número de refugiados que estão a entrar na Europa.