Mota Soares diz que propostas do PS disparam défice
Centeno defende PS. Pires de Lima afirma que "maioria histórica" está ao alcance da coligação.
"Um défice acima de 3% é arrasar todas as promessas eleitorais que sejam feitas nesta campanha. Qualquer Governo que no futuro venha a apresentar um défice acima dos 3% o que lhe vai acontecer é deitar por terra todas as ilusões, todas as promessas, tudo o que andou a prometer e que efectivamente não consegue cumprir", afirmou Mota Soares, que garantiu não acreditar excessivamente nas sondagens, sejam boas ou más, e apelou ao diálogo que leve as pessoas a votar, para que as eleições não sejam vencidas pela abstenção.
"Passamos de um país cumpridor, com o respeito e a credibilidade e nacional e internacional que conseguimos nos últimos quatro anos, para passarmos a ser um país incumpridor. Um país incumpridor é um país sujeito a sanções, ao pagamento de multas, entra num processo de défice excessivo", argumentou. De acordo com Mota Soares, no programa do PS, "só a medida da redução da TSU, que tem um impacto de 0,33%, coloca o défice efetivamente nos 3%". Com outras medidas, como a revogação dos mínimos sociais, a eliminação da sobretaxa, o IVA da restauração, o complemento salarial, o défice fica em 4,1%, apontou o dirigente centrista.
Mota Soares contabilizou ainda o "conjunto de medidas do PS que puxam o défice para baixo", como as referentes ao imposto sucessório, racionalização de serviços públicos, mesmo assim, disse, "a conta final do défice das contas públicas do PS é 3,6%".
Reagindo em nome do PS, Mário Centeno considerou que "a coligação não fala das suas contas porque não as tem. Foi também por isso que a UTAO [Unidade Técnica de Apoio Orçamental] colocou reservas ao programa de estabilidade e é por isso que continuam a errar na leitura que fazem das contas do programa eleitoral do PS". O coordenador do porgrama económico do PS acrescentou: "Um Governo que, quatro anos depois de tomar posse, apresenta défices na ordem dos 7,3 e 5,4% não sabe fazer contas. A redução do défice face a 2011 é de 0,1%. Ao contrário do que diz o primeiro-ministro, a despesa da administração central subiu no primeiro semestre 2,7% e os impostos sobem porque não são feitos os reembolsos. Assim, com o dinheiro dos outros, é fácil. Mas não é sério."
Maioria ao alcance
Na sexta-feira à noite foi a vez de António Pires de Lima, Presidente do Conselho Nacional do CDS, defender que está ao alcance da coligação Portugal à Frente ganhar as eleições de 4 de Outubro com "uma maioria histórica ou uma maioria absoluta". "Eu acho que está ao nosso alcance, se mantivermos uma trajetória consistente, coerente e de firmeza nas próximas quatro semanas, ganhar e com uma maioria histórica ou uma maioria absoluta as próximas eleições", afirmou Pires de Lima, que salientou a mportância de PSD e CDS ganharem as eleições para consolidarem o caminho da "liberdade de escolha" na economia, que, "por respeitar a liberdade das pessoas depois formata a oferta dos serviços públicos em função dessa liberdade".
Falando a propósito do projecto liberal do Grupo de Ofir, liderado por Francisco Lucas Pires, e em que participou António Lobo Xavier, que também participou neste debate, Pires de Lima argumentou que a liberdade de escolha, em áreas como a educação e a segurança social "continua a estar a 10 ou 15 anos de modelos, não de direita, mas do Reino Unido e dos países escandinavos". António Pires de Lima disse ficar "contente por as listas de poderosos incluírem mais empresários" porque "não é suposto um ministro da Economia ser um poderoso da economia, o palco principal de uma economia saudável são os empresários, são as empresas, são os gestores".
O dirigente centrista criticou longamente o modelo económico do PS, que disse ser "rigorosamente" o mesmo da gestão do ex-primeiro-ministro José Sócrates.
Pires de Lima manifestou surpresa que uma pessoa com a experiência que o secretário-geral do PS, António Costa, "supostamente tem", ter caído "na esparrela da proposta para a Segurança Social" apresentada na Agenda para a Década. Por outro lado, considerou que o "excesso de consumo" que esse programa económico pressupõe vai "provocar um curto-circuito nas contas externas".