Um agente da PSP, o filho e um militar da GNR mortos por idoso em Sesimbra

As vítimas são um militar da GNR, um agente da PSP, motorista do gabinete do primeiro-ministro, e o filho deste. Disparos aconteceram devido a desavenças entre vizinhos motivadas por uma discussão a propósito de um cão.

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GNR realizou o inquérito inicial e o Grupo Gatos Urbanos informou que este foi concluído com a identificação apenas da "dona" do gato PÚBLICO/Arquivo

O agente da PSP foi a primeira vítima mortal. Destacado como motorista do gabinete do primeiro-ministro e elemento do corpo de segurança pessoal daquela polícia, estava a pouco tempo de se reformar. Estava desarmado e à civil naquela zona, na Rua Alexandre Herculano, onde também vivia. De acordo com relatos de vizinhos, o agente estaria na rua junto ao seu automóvel quando foi atingido. O filho, de 23 anos, também estava na rua. Nessa altura, um homem de 77 anos, terá disparado cinco tiros de caçadeira a partir de uma das janelas da casa defronte do carro.

O polícia ficou prostrado no chão e terá morrido de imediato. O filho, que o acompanhava, foi também atingido e ficou então gravemente ferido. Foi assistido pelo INEM, mas acabou também por morrer já ao início da noite no Hospital S. Bernardo, em Setúbal, confirmaram ao PÚBLICO fontes policiais.

“Ouvi cinco tiros. Depois fui tentar ajudar as vítimas que estavam no chão junto a um carro”, contou no local ao PÚBLICO João Simões, um vizinhos, que acorreu a tentar ajudar os dois homens baleados, ainda antes dos disparos que atinigram o militar da GNR. Nesta altura, também a filha do agente da polícia saíra à rua, depois de se ter apercebido do que se passava. Na casa mora ainda a mulher da vítima.

“O homem disparou a caçadeira de dentro de casa, pela janela. Eles tinham uma quezília há anos, acho que por causa de um cão. Um rottweiler que é mansarrão”, acrescentou João Simões, explicando que o detido é caçador e tinha por isso uma arma em casa. De acordo com o relato, o cão, da família do agente da PSP, estava na rua na altura dos disparos.

O posto da GNR da Quinta do Conde, alertado por sucessivas chamadas telefónicas dos moradores daquela zona, enviou uma patrulha. E foi o chefe desta patrulha que mal chegou ao local se tornou na vítima seguinte. O militar da Guarda, de 25 anos, foi atingido com um tiro na cabeça quando estava de costas, ajoelhado, a tentar socorrer o filho do agente da PSP.

“Os nossos homens estabeleceram um perímetro de segurança, chamaram o INEM e um deles foi tentar resgatar uma das vítimas junto à casa. Foi nessa altura que foi atingido pelo suspeito que tinha fugido da zona, mas entretanto voltara”, contou ao PÚBLICO o tenente-coronel Jorge Goulão, oficial de relações públicas do comando da GNR de Setúbal.

Após os disparos, o suspeito, descrito pelos vizinhos como um construtor civil, barricou-se na habitação. “Tivemos de recorrer a procedimentos táctico-policiais para rodear a casa e ao fim de algum tempo decidimos entrar e o suspeito foi detido, já pelas 18h”, acrescentou ainda o tenente-coronel Jorge Goulão. Quando entraram na casa, os militares perceberam que o homem tinha tentado suicidar-se. Terá disparado contra ele próprio a caçadeira.

O suspeito foi também assistido pelo INEM e transportado de ambulância para o Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, onde permanece internado.

Ministra da Administração Interna lamenta mortes
A ministra da Administração Interna lamentou "profundamente" a morte dos dois elementos das forças de segurança.

Em comunicado, Anabela Miranda Rodrigues enviou "sentidas condolências" às famílias das vítimas, "bem como a todo o efectivo da GNR e da PSP", lamentando também a morte de uma terceira pessoa nos mesmos incidentes.

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