Morreu ex-arcebispo que iria ser julgado pelo Vaticano por abuso sexual de menores

Josef Wesolowski, de 67 anos, seria o primeiro membro do clero a ser julgado pelo Vaticano por abuso sexual de menores e posse de material pornográfico.

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Wesolowski aparecia "disfarçado" com roupas de turista e um boné de baseball, e abordava rapazes Luis Gomez/Reuters

Em comunicado, o Vaticano avançou que Wesolowski "foi encontrado morto em sua casa", e que o óbito aconteceu "devido a causas naturais".

"O promotor de Justiça ordenou a autópsia, que será efectuada imediatamente, e cujos resultados serão comunicados assim que seja possível", continua o comunicado, publicado no site do Vaticano.

Josef Wesolowski estava acusado de crimes cometidos entre 2008 e 2013, quando era embaixador do Vaticano na República Dominicana. Era suspeito de ter pago a menores para manter relações sexuais e para sessões de masturbação.

De acordo com o relato dos menores, Wesolowski costumava frequentar um passeio marítimo que é uma conhecida zona de prostituição de Santo Domingo. Aparecia "disfarçado" com roupas de turista e um boné de baseball, e abordava rapazes – alguns eram engraxadores de sapatos e outros eram prostitutos – a quem oferecia dinheiro em troca de serviços sexuais.

Por estas acusações deveria ter começado a ser julgado no dia 11 de Julho, mas o início do julgamento acabou por ser adiado devido à hospitalização do ex-arcebispo.

As acusações foram transmitidas à Santa Sé, que considerou o assunto "extremamente grave". Josef Wesolowski foi discretamente removido do cargo e chamado de volta a Roma antes de ser inquirido pelas autoridades dominicanas.

Wesolowski, de 67 anos e nascido na Polónia, era também acusado de ter em sua posse pornografia infantil, material que terá sido descoberto entre os seus pertences, já em Roma.

Se tivesse sido julgado, o ex-arcebispo arriscaria uma pena de seis a doze anos de prisão, que provavelmente iriam ser cumpridos num estabelecimento prisional italiano (o Vaticano não dispõe de cadeia). Outras possibilidades poderiam passar pela extradição para a República Dominicana ou para a Polónia, o seu país de origem.

Este era um assunto delicado para A Santa Sé, num processo que envolvia um elevado grau de cooperação internacional, nomeadamente com as instâncias judiciais da República Dominicana. Há dois meses, o Vaticano disse que as acusações seriam analisadas pelo "órgão judicial competente da Justiça canónica", que poderia solicitar perícias técnicas e inquirições de testemunhas para "uma análise mais escrupulosa das provas".

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