Militares da GNR anunciam manifestações para a campanha eleitoral
Associações sindicais protestam por ministra da Administração Interna não ter feito aprovar estatuto da GNR
Em causa está o facto de a governante não ter conseguido fazer aprovar o estatuto desta corporação, como se comprometera a fazer com os sindicatos. “Foram horas e horas de negociações, muitas vezes sem comer”, lamenta o dirigente sindical José Alho, da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda. “Quando lhe perguntámos se o estatuto ia mesmo ser aprovado respondeu-nos que só tinha uma palavra. Fomos enganados, e a humilhação é ainda maior por ter sido aprovado o estatuto da PSP”.
A fixação de um horário de trabalho até aqui inexistente era um dos pontos considerados importantes pelos dirigentes sindicais. Outro era a possibilidade, até aqui vedada, de os tenentes-coronéis da guarda poderem chegar a generais daqui a alguns anos. “A GNR sempre foi o patinho feio das forças de segurança. Daqui em diante vamos atacar em todas as frentes”, avisa José Alho.
Também o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira, adiantou ao PÚBLICO que “os militares da GNR vão organizar várias manifestações durante todo o mês de Setembro em plena campanha eleitoral”. César Nogueira acusa o Governo de ter “enganado os militares da GNR” e de os estar a “discriminar” por aprovar o estatuto da PSP, mas não o da GNR. A direcção da APG reúne-se esta sexta-feira para tomar uma decisão final sobre as datas e locais dos protestos a realizar.
Entre os pontos mais importantes que estavam em discussão neste estatuto, o dirigente destaca a aprovação de um horário de serviço, sublinhando que a “GNR é a única força policial europeia que não tem um horário, estando os seus militares sempre em serviço se os comandantes quiserem”, e a clarificação da passagem à reserva e reforma dos militares da GNR.
O Governo não aprovou o estatuto mas, aprovou um decreto-lei que “clarifica os regimes transitórios de passagem à reserva e reforma” que estabelece regras transitórias e nos mesmos termos para militares da GNR e Forças Armadas. “Deram-nos um rebuçado, mas nós queremos é o estatuto que dignifique a GNR”.