Ex-director de departamento terá usado gabinete do Benfica para traficar cocaína

PJ garante que não estão em causa suspeitas de crime em relação ao clube. Ex-director do departamento de apoio estará ligado a um grupo de traficantes colombianos e foi detido com 9,5 quilos de cocaína.

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Operação da PJ decorreu no final de Julho Fernando Veludo/NFactos

O grupo entrava no estádio sempre pela mesma porta, o que acabou por inspirar o nome atribuído à operação da Judiciária: Operação Porta 18.

No final de Julho, José Carriço foi detido pela PJ na auto-estrada A1 com outro homem tendo-lhes sido apreendidos 9,5 quilos de cocaína, noticiou esta quinta-feira o Jornal de Notícias e confirmou o PÚBLICO junto de fonte da Polícia Judiciária. A mesma fonte garantiu, porém, que em causa estão apenas suspeitas relativas ao ex-director e não em relação ao clube.

Inspectores da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE) fizeram então buscas em instalações do clube, nomeadamente no Estádio da Luz, onde o suspeito tinha ainda gabinete apesar da garantia do Benfica de que já não era funcionário quando foi detido. Citado pelo Jornal de Notícias, o director de comunicação do Benfica, João Gabriel, disse apenas "que é um problema de justiça com o cidadão José Carriço. Nada a ver com o Benfica".

Também o automóvel em que foi interceptado pela PJ foi-lhe atribuído pelo clube, mas actualmente as prestações do leasing do carro estariam já a ser pagas pelo ex-director que depois de interrogado por um juiz de instrução criminal foi colocado em prisão preventiva. O outro detido, também suspeito de tráfico e sem qualquer ligação ao clube, vai aguardar igualmente o desenrolar do inquérito-crime em prisão preventiva.

No clube, o ex-director detido liderava o departamento que ajuda os novos jogadores em questões burocráticas ou logísticas, como arranjar carro e casa, de acordo com o Jornal de Notícias.  

A PJ anunciou em Julho as detenções, mas a operação passou despercebida porque o comunicado era lacónico e não mencionava o clube ou tão pouco as funções dos detidos, como é regra acontecer. Fonte da PJ, explicou que assim foi porque era já certo que o Benfica não era suspeito nesta investigação.

No comunicado, a PJ dizia então que o grupo suspeito se dedicava “à importação de produto estupefaciente para território nacional desde a América do Sul, por via aérea” e que a operação “decorrente de cerca de oito meses de investigação” culminou “com a detenção de dois homens, assim como na apreensão de 9,5 kg de cocaína, dois veículos automóveis de gama alta e outros bens e objectos resultantes da sua actividade criminosa”.

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